Jesus Cristo apareceu para o apóstolo João na ilha de Patmos, João foi levado para aquela ilha na época do governo de Domiciano, entendendo que naquele tempo todos os demais apóstolos de Jesus já estavam mortos e mortos pelo viés do martírio. A intenção de Domiciano certamente era calar a voz do último apóstolo do Senhor Jesus, mas como todas as portas se fecharam para João na terra, Deus abriu uma porta no céu e disse sobe para aqui e eu te mostrarei as coisas que devem acontecer.
Naquele momento Jesus se apresenta para João, os seus cabelos brancos como a neve, seus pés como de bronze polido, seus olhos como chamas de fogo, suas mãos sustentando a igreja, sua palavra como uma espada de dois gumes, seu rosto brilhando como sol no seu fulgor; e Jesus Cristo diz para João, para escrever estas revelações e mandar as sete igrejas da Ásia, e a primeira igreja da Ásia era a capital, à cidade de Éfeso; e Jesus vai elogiar aquela igreja de Éfeso pela firmeza com que defendia sã doutrina, não suportava os falsos apóstolos, não suportava as heresias que estavam minando as igrejas naquele tempo, uma igreja fiel à palavra, a igreja zelosa da teologia, uma igreja que não negociava os princípios e os absolutos da verdade de Deus, Jesus elogia aquela igreja por isso, Jesus elogia aquela igreja pela sua fidelidade no sofrimento, que suportou provas sem esmorecer, não era popular ser crente em Éfeso. Aquela igreja permaneceu firme e inabalável diante de tantas provas, de tantas perseguições.
Mas em terceiro lugar, Jesus elogia aquela igreja pela sua fidelidade na ética, Jesus disse: eu tenho uma coisa a teu favor, que tu odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Os nicolaítas estimulavam as pessoas à promiscuidade, eles induziram as pessoas a comer carne sacrificada aos ídolos, ao mundanismo, a um evangelho sem limites, sem absolutos, uma perversão do evangelho, a igreja de Éfeso era zelosa da doutrina, era zelosa da ética, era firme e fiel no sofrimento.
Entretanto, Jesus olha para esta mesma igreja e diz assim: eu tenho uma coisa, porém, contra ti, é que tu abandonaste o teu primeiro amor. E aqui às vezes na própria defesa da ortodoxia, ou seja, da doutrina certa, uma igreja pode perder a piedade. Permanece, conserva a ortodoxia, a doutrina certa, mas já perdeu a alegria, já perdeu o entusiasmo, o coração não aquece mais, não tem brilho nos olhos, colocou a vida espiritual no piloto automático, virou rotina, se vai à igreja, se lê Bíblia, se oferta na igreja, se canta louvores, se escuta pregações e faz a defesa da fé, mas o coração já não pulsa mais por Deus. Ou seja, a ortodoxia tornou-se um fim em si mesmo. É muito importante isso, Deus não apenas está interessado no que fazemos, ele também está desejoso das motivações certas para as quais nós fazemos o que fazemos. Eu rodo por esse Brasil afora, converso com tantas pessoas, eu vejo tantas igrejas, pela graça de Deus firmes na palavra, e nós não podemos negociar mesmo a sã doutrina, não podemos pregar o que o povo quer ouvir, não podemos ser seduzidos pelas últimas novidades do mercado da fé. A igreja para agradar a Deus, para receber os elogios de Jesus ela tem que ser firme na doutrina, firme na palavra, não pode pregar um outro evangelho, ela não pode pregar para agradar a vontade, o interesse das pessoas, ela tem que ser fiel às escrituras. Entretanto, há muitas igrejas ortodoxas que estão frias, estão geladas, estão áridas, há muitos crentes que são ortodoxos, mas estão mortos os como um poste, nada mata mais do que a ortodoxia morta; onde a pessoa tem luz na cabeça, mas não tem fogo no coração, ela está rendida a um tradicionalismo, em vez de estar apegada à verdadeira tradição evangélica. Qual a diferença? A tradição é a fé viva dos que estão mortos, o tradicionalismo é a fé morta dos que estão vivos. Tem gente que morre pela sua denominação, que morre por este ou por aquele reformador, mas não se empolga com Jesus, ele defende a sã doutrina, mas não se deleita na verdade, ele não ama Jesus de todo o seu coração.
E hoje Jesus dirige uma palavra ao seu coração, ao meu coração: eu tenho uma coisa contra ti, é que tu abandonaste o teu primeiro amor. Faça uma análise da sua vida, quem sabe lá no passado você já foi mais fervoroso do que está sendo hoje, você já orou com mais intensidade do que está orando hoje, você tinha mais deleite na palavra de Deus do que está sendo hoje, você participava das reuniões de oração e vigílias da sua igreja com lágrimas nos olhos, com o coração aquecido, coisa que você não sabe mais o que é isso na sua vida. Jesus Cristo disse: lembra-te de onde caíste, arrepende-te, volta à prática das primeiras obras, senão eu virei a ti e removerei o teu candeeiro.
A igreja de Éfeso não se arrependeu, porque ela não tinha amor, a luz se apagou. Hoje aquela igreja virou escombros, porque ela não escutou o que o Espírito Santo disse ela. E hoje você e eu estamos sendo alertados por Jesus a voltarmos para ele, a nos deleitarmos nele, temos prazer nele, conhecer a Jesus é a própria essência da vida eterna, é o deleite da alma, é o prazer do coração; não apenas você precisa ter verdade na sua mente, você precisa ter amor no seu coração, não apenas luz na sua cabeça, mas fogo no coração, não apenas doutrina certa na sua mente, ou você precisa ter uma postura de amor por Deus e pelo próximo no seu coração. É hora de você e eu nos voltarmos para o nosso primeiro amor, e pediu que Deus inflame a nossa alma, que Deus aqueça o nosso coração, que Deus derrame sobre nós poderosamente o seu Espírito, para que nós tenhamos deleite em Deus, prazer em Jesus, e desfrutarmos assim desse banquete da alma, a gloriosa doce, inefável presença do nosso salvador Jesus Cristo.
“Ao anjo da igreja em Éfeso escreva: “Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candelabros de ouro: Conheço as obras que você realiza, tanto o seu esforço como a sua perseverança. Sei que você não pode suportar os maus e que pôs à prova os que se declaram apóstolos e não são, e descobriu que são mentirosos. Você tem perseverança e suportou provas por causa do meu nome, sem esmorecer. Tenho, porém, contra você o seguinte: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se, pois, de onde você caiu. Arrependa-se e volte à prática das primeiras obras. Se você não se arrepender, virei até você e tirarei o seu candelabro do lugar dele. Mas você tem a seu favor o fato de que odeia as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: ‘Ao vencedor, darei o direito de se alimentar da árvore da vida, que se encontra no paraíso de Deus.’”” Apocalipse 2.1-7
Rev. Hernandes Dias Lopes