Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
Apocalipse 3:14-19
Os mais sombrios e da história da Igreja Primitiva haviam começado, desde que Nero, em 54, assumiu o governo de Roma. Dez anos depois, no ano 64 a capital do império foi incendiada e a culpa colocada nos cristãos. Em 70, houve a queda de Jerusalém e a dispersão dos judeus, e também em Roma inaugura-se o Coliseu Romano, o anfiteatro da morte. No ano 81 assume governo de Roma – Domiciano – conhecido como segundo Nero, o homem que vai arrogar para si o título de Senhor e Deus, e vai deportar o apóstolo João para ilha de Patmos, uma espécie de colônia penal no mar Egeu. A essas alturas todos os apóstolos do Senhor Jesus já estavam mortos, e todos mortos pelo viés do martírio. João estava degredado e ilhado em Patmos quando todas as portas da Terra se fecharam para ele, então Deus abriu-lhe uma porta no céu e disse sobe para aqui e eu te mostrarei as coisas que devem acontecer.
Deus está no controle, ele reina. Os homens podem com a sua insanidade se rebelarem contra Deus, mas isso não abala o trono de Deus, Ele continua com as rédeas da história em suas mãos. Jesus revelou-se a João na ilha de Patmos e mandou que ele escrevesse cartas às sete igrejas da Ásia. Hoje eu quero pensar com você é sobre esta última igreja, a igreja de Laodicéia.
Das sete cartas às sete igrejas, esta é a única carta que não recebe nenhum elogio de Jesus, muito embora a igreja de Laodicéia tivesse a melhor avaliação de si mesma: ela se olhava no espelho e dava nota máxima para si mesma, ela batia palmas para ela mesma, ela fazia um grande coral de seus membros e cantava o hino Quão Grande És Tu diante do espelho. Ela dizia estou rica, abastada, não preciso de coisa nenhuma. E é curioso que é para esta igreja que se considera a melhor igreja que Jesus não encontra nada para elogiar, ao contrário, ele sente náuseas ao examinar esta igreja.
Eu queria aqui observar com você algumas coisas, porque Jesus diz assim: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera tu fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
Talvez você pergunte porque Jesus usou esta linguagem, do quente do morno, do frio. Deixe-me contextualizar, cidade de Laodicéia ficava numa região metropolitana com mais duas outras cidades. Ficava às margens do rio Lico que era a região mais próspera da Ásia Menor, ainda hoje uma próspera região da Turquia asiática. Ali ficava a cidade de Hierápolis que era mundialmente conhecida pelo seu castelo de algodão, uma montanha de rochas calcárias brancas de onde brotam águas quentes e terapêuticas. Do outro lado do rio ficava Colossos, conhecida pelas suas fontes de águas frias e geladas, também terapêuticas. Mas Laodicéia, a maior e mais rica cidade não tinha fontes, nem de águas quentes nem de água geladas. As águas chegavam por meio de aquedutos das montanhas, chegavam mornas, tépidas. Jesus então pega este gancho da geografia e diz assim para igreja: quem dera tu fosses quente como as águas de Hierápolis, quem dera tu fosses fria como as águas de Colossos, mas por quê tu és morna como as águas que chegam na cidade de Laodicéia, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.
Porque Jesus usou por exemplo ouro puro? Porque Laodicéia era a cidade dos banqueiros, dos endinheirados. Jesus tá dizendo o seguinte, vocês tem orgulho da riqueza, do ouro que vocês têm, mas espiritualmente vocês estão pobres. Porque ele fala das roupas brancas para eles vestirem? Porque Laodicéia era o maior centro têxtil da Ásia Menor. Jesus está dizendo: vocês se orgulham das suas fábricas de roupas, mas espiritualmente vocês estão nus. Porque ele usa a figura do colírio? Porque Laodicéia era o maior centro oftalmológico da Ásia menor e Jesus está dizendo: vocês se orgulham das suas clínicas de tratamento de olhos, mas espiritualmente vocês estão cegos.
Jesus está fazendo um diagnóstico, mas chama sua atenção para um fato curioso, não há, para a igreja de Laodicéia, nenhuma denúncia de Jesus de problemas doutrinários como tinha nas outras igrejas, não há problemas morais como tinha nas outras igrejas, não havia pobreza material como tinha em algumas outras igrejas, não havia perseguição como havia em algumas das outras igrejas. A igreja de Laodicéia era, ortodoxa, ética, próspera e vivia em paz. Se você e eu morássemos lá naquela região, a igreja que nós gostaríamos de frequentar era a igreja em Laodicéia.
Aos olhos despercebidos, era melhor igreja, aos olhos da própria igreja ela era melhor igreja, mas esta igreja está causando náuseas em Jesus, e o que é que Jesus ver nessa igreja que tanto o aflige: apenas uma coisa – falta de fervor espiritual, colocar a vida espiritual no piloto automático, no mecanicismo frio, numa rotina árida, perder o fervor e perder o brilho dos olhos, o coração aquecido. É estar na igreja, trabalhar na igreja e ter uma vida religiosa mecânica, sem volta ao primeiro amor, sem calor espiritual, sem vibração espiritual, sem poder espiritual, sem avivamento.
Deus tem me dado o privilégio de percorrer o Brasil e de pregar em mais de 1.500 igrejas das mais diversas denominações evangélicas desta nação, tenho pregado em igrejas que eu chamo de ultraconservadoras e também em igrejas que eu chamo de ultra pentecostais, igrejas altamente silenciosas no culto igrejas altamente barulhentas no culto, e aprendi uma coisa: fervor não tem nada a ver com o estilo de culto, com liturgia de culto ou com estilo de música no culto. É possível viver uma vida mecânica com clichês e jargões religiosos num culto altamente informal e é possível ter também uma solenidade imensa mas tudo isso ser mecânico e Jesus conhece. Ele está dizendo o seguinte: Olha, porque és morno, nem és quente, nem frio, eu estou a ponto de vomitar-te da minha boca.
Jesus Cristo traz a solução para igreja quando diz assim: Eu aconselho-te que de mim compres ouro refinado, roupas brancas e colírio, sabe o que Jesus tá querendo dizer com isso? A solução para igreja que perdeu o fervor não é correr atrás das últimas novidades do mercado da fé, a solução não entrar pelos corredores escuros do sincretismo religioso, a solução não é pregar uma mensagem mais palatável, humanista, para atrair as multidões. A solução, o remédio, a cura para a igreja que perdeu o fervor é voltar-se para Jesus, por isso ele diz: aconselho-te que que tu compres de mim. É Jesus quem tem a solução para igreja, é ele quem pode restaurar a igreja, é só na presença dele que tem vida e vida em abundância.
Por isso Jesus tem uma declaração a fazer e tem uma ordem para dar, e a declaração é esta: Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Jesus está pegando pesado com essa igreja, com você e comigo. Ele está dizendo o seguinte: Olha, eu não fui a cruz, morri e ressuscitei, voltei ao céu, derramei o Espírito Santo para produzir um crente apático, morno e sem fervor espiritual. E não abro mão da sua vida, Eu não abro mão que você tem uma vida plena, maiúscula, abundante, a vida plena do Espírito Santo. Então ele tem uma ordem a dar: sê pois zeloso e arrepende-te.
No versículo 20 Jesus Cristo se apresenta e diz eis que estou a porta e bato, se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei e cearei com ele e ele comigo. A única maneira do nosso coração voltar a aquecer, voltarmos ao primeiro amor, é nos assentarmos com Jesus, é temos comunhão com Jesus, é temos intimidade com Jesus, é estamos na presença de Jesus, é quando nós conhecemos a intimidade dele, é que o nosso coração aquece. Como aqueles caminhantes de Emaús, quando os olhos se abrem e o coração aquece, quando o coração aquece os pés se apressam, e então os lábios se abrem para dizer que ele ressuscitou e que ele é a razão da nossa vida.
O que você vai fazer com esta mensagem? Como é que está a sua vida? Como é que está o fogo no altar do seu coração? Talvez a sua vida está coberta de cinzas, talvez você vive apenas das glórias do passado, talvez você já chegou num platô espiritual onde tudo parece mecânico, seco, árido, morno, botou a vida espiritual no piloto automático. Eu quero encorajar você em nome de Jesus, a se voltar para ele, a pedir que ele inflame a sua alma, que ele sopre um alento de vida na sua vida, que ele remova as cinzas, que ele acenda as brasas, que ele traga agora um verdadeiro e genuíno fervor espiritual no seu coração, um verdadeiro avivamento espiritual.
Rev. Hernandes Dias Lopes