“Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.”
(Jó 42:10)

A Bíblia diz que Jó era um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal. Ele era um homem riquíssimo; o homem mais rico do Oriente. Um homem que tinha uma família bonita: 10 filhos adultos, bem criados, bem formados, felizes, unidos.

Mas, um dia, a vida deste homem foi transtornada. Este homem, que era o mais rico do Oriente, entra em colapso financeiro e perde tudo que tem. Esse homem, que é pai de 10 filhos, sobre os quais exerce grande influência espiritual, os vê morrer todos, num único acidente.

Este homem era saudável, grande empreendedor, influente no seu tempo pela sua bondade (porque ele era os olhos dos cegos, as pernas dos coxos, que socorria os necessitados), fica doente, chagado, com feridas abertas do alto da cabeça à planta dos pés, que vai para o escuadouro raspar o seu corpo com cacos de telha porque a pele já estava necrosada. Caquético, macérrimo, de couro furado pelas costelas em ponta, cheirando mal.

Este homem que, bem casado, tem com a esposa 10 filhos, enfrenta mais um golpe. Sua mulher olha para ele e diz: “Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre!”. Este homem que, tendo amigos verdadeiros que vêm de longe para consolá-lo, e nem conseguem reconhecê-lo, tamanha a dor que desfigurava o seu corpo, se assentam com ele à terra, calados consternados, alimentados apenas pelas lágrimas que rolavam no rosto, mas que, por uma teologia errada, por uma leitura errada, assacam contra ele as mais pesadas e levianas acusações, massacrando-o ainda mais para alfinetá-lo, aguçando ainda mais a sua dor.

Este homem, no Calvário do seu sofrimento, alça aos céus 16 vezes a mesma pergunta: “Por que, meu Deus? Por quê?”. Ele ergue aos céus 34 queixas, e a única voz que ele escuta em resposta ao seu clamor foi o gelado silêncio de Deus. Nenhuma resposta, nenhuma explicação.

Apesar desse quadro tão doloroso de perda dos bens, do Luto dos filhos, da saúde corroída, da falta de compreensão e apoio da esposa, e da acusação dos amigos, no fundo do poço, ele tira do peito um brado de esperança quando diz: “Mas, uma coisa eu sei: o meu Redentor vive! Eu verei o meu Redentor revestindo meu corpo. Eu verei o meu Redentor!”.

Deus então se revela ele abrindo as comportas dos céus, despejando em catadupas sobre ele torrentes da sua glória, da sua majestade, e Deus faz 70 perguntas para Jó, todas retóricas: “Onde estava tu, Jó, quando eu lançava os fundamentos da terra? Onde estavas tu quando eu espalhava as estrelas no firmamento? Onde estavas tu quando eu cercava as águas do mar para elas não invadirem a terra?”.

Diante da grandeza majestática de Deus, Jó foi se encolhendo, se encolhendo, se encolhendo, para reconhecer o seguinte: “Agora eu sei que tudo podes; nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Falei tanta coisa sem saber! Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, eu me abomino no pó e na cinza.”

Agora, Jó 42.10 diz que enquanto Jó orava pelos seus amigos o Senhor deu a ele em dobro tudo que antes possuíra. Deus restaura a sorte de Jó. Deus vira a mesa da história. Jó estava sofrendo de goleada, e Deus muda o placar do jogo. Deus restaura exatamente as cinco áreas que o inimigo, Satanás, tentou Destruir na vida de Jó.

Primeiro, Deus restaura a sua saúde, e ele passa a viver dali para frente mas 140 anos. Deus restaura os seus bens; ele, que já era o homem mais rico do oriente, agora se torna duplamente mais rico. Deus restaura as suas amizades, porque os amigos que o acusaram tiveram que voltar e pedir a Jó que orasse por eles (porque Deus disse que só ouviria a oração de Jó para restaurá-los). Isso nos ensina uma lição tão linda! Você não precisa se defender, você precisa andar com Deus. Porque quando quando você anda com Deus, aqueles que te criticaram vão ter que voltar a você e mudar de opinião a seu respeito.

Quarto: Deus restaurou Deus restaurou casamento de Jó. Aquela mulher que não aceitou receber o mal, apenas o bem, deixando Jó nas profundezas da sua dor, do seu sofrimento, recomendando a ele que morresse, tem o casamento restaurado, as feridas fechadas, as mágoas perdoadas o relacionamento refeito. Tudo se fez novo!

Mas, finalmente, Jó agora tem mais 10 filhos, exatamente como outrora: sete filhos e três filhas. E alguém poderia pensar: “Bom, então, já que Deus restituiu em dobro, se antes ele tinha 10, agora ele devera ter 20 filhos”. Acontece que, quando um filho morre no Senhor, você não perdeu o filho, você não perdeu a filha. Você perde alguém ou algo quando você não sabe onde está. Mas, aqueles que morrem no Senhor vão para o céu, vão para o paraíso, para casa do Pai, para o seio de Abraão. Na verdade, Jó agora tem 10 filhos no céu, e tem 10 filhos na terra. Deus restaurou, e restaurou completamente.

Eu quero dizer para você que o nosso Deus é o Deus da restituição. Talvez hoje você esteja vivendo um vale escuro. Talvez você esteja lidando com o drama de ter perdido os seus bens, sua empresa fechada, seus negócios entrando em bancarrota e você lidando com a dor de saber que aquelas fontes de renda que abasteceram o seu bolso secaram. Talvez você hoje esteja lidando com drama do luto de alguém que você tanto amou. Ou, quem sabe, você hoje esteja lidando com a saúde abalada: um câncer, um problema crônico, diagnósticos sombrios, temores rondando a sua alma. Quem sabe você hoje esteja lidando com o drama de um casamento abalado, feridas no passado, medo no presente, falta de expectativa no futuro. Quem sabe até você esteja aí com seu coração cheio de sombras e de medos.

Mas eu quero dizer para você que Deus é o Deus da restauração. Ele pode mudar o placar do jogo da sua vida. Ele pode virar a mesa da história da sua vida. Ele pode restituir seus bens, restituir sua saúde, restituir suas amizades, restituir seu casamento, restaurar os seus filhos.

O que é maravilhoso neste livro de Jó, é que Deus restaura a sorte Jó, mas não explica para Jó porque ele sofreu. Todas as pessoas no enredo do livro estão equivocadas. Satanás estava equivocado porque pensou que Jó servia Deus por interesse; que Jó amava mais ao dinheiro, à família e a si mesmo do que a Deus.

A mulher de Jó estava errada quando não quis receber a providência carrancuda, recomendando o marido que morresse. Os amigos de Jó estavam errados porque acharam que Jó estava sofrendo por algum pecado que ele havia cometido. Eles diziam que Jó era um adúltero, um ladrão, um corrupto que tinha roubado dos órfãos e das viúvas para se enriquecer. O próprio Jó estava errado porque pensou que Deus o massacrava com suas setas.

Deus restaura Jó, mas não lhe explica porque ele estava sofrendo. Restauração sim, explicação nem sempre.

Talvez você diga assim: “Ah, pastor quando eu chegar no céu, eu vou chegar com uma lista de perguntas, eu vou querer saber muita coisa.” Eu vou lhe dizer que não vai ser necessário. O céu é autoexplicativo. A Bíblia diz que, por mais dura que seja a nossa luta aqui, por mais atroz que seja o nosso sofrimento aqui, a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda a comparação. Os Sofrimentos do tempo presente não são compararáveis com as glórias por vir, que serão reveladas em nós. A Bíblia diz que Deus vai enxugar dos nossos olhos toda lágrima; que não haverá nem dor, nem pranto, nem luto, porque as primeiras coisas já terão passado.

Deus está aqui hoje para restaurar a sua sorte, refazer a sua história e trazer você torrentes do consolo, compressas da sua ternura: expressão eloquente da sua bondade.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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