“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” (Efésios 6:4)

A paternidade é a mais nobre e, talvez, a mais árido a missão que o homem tem. É mais fácil ter sucesso fora dos portões, do que ter êxito dentro de casa. É mais fácil ser um profissional de sucesso, ver a carreira decolar e granjear fortunas, do que ter sucesso no lar, mormente, como pai.

A história está pontilhada de exemplos de homens que foram heróis, que conquistaram medalhas de honra ao mérito, que ergueram troféus de grandes vitórias, que granjearam fama e acumularam riquezas, mas sofreram derrotas fatídicas e amargas dentro do lar.

Poderíamos lembrar, por exemplo, a história de Davi, que foi o maior rei de Israel. Um pastor, um músico, um compositor, um guerreiro, um estadista; um homem que conquistou as nações ao redor e construiu um grande império, mas perdeu seus filhos; que sofreu amargas derrotas dentro de casa.

Podemos lembrar de Ezequias, o grande rei Ezequias, que foi um homem singular no seu tempo, mas, o seu filho, Manassés, foi o pior homem da história de Israel. Por causa dos seus pecados, diz a Bíblia lá em Jeremias 15.1-4 ,é que o reino de Judá foi levado para o cativeiro da Babilônia.

O apóstolo Paulo agora está tratando dessa matéria, e tem uma palavra para os pais. Ele diz: “E vós, pais, não provoqueis os vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” A primeira coisa que Paulo destaca é o lado negativo: os pais não devem provocar os filhos à ira. Como é que um pai provoca os seus filhos à ira?

Primeiro, quando os pais não são consistentes; quando o que eles falam, não espelham o que eles vivem; quando há um abismo entre o que falam e o que praticam, entre o que se ensina e o que se exemplifica. Na verdade, os nossos filhos nos observam mais do que nos escutam. Se a nossa fala é destruída pelo nosso comportamento, os nossos filhos ficam irritados com isso.

O papel dos pais é ser um espelho para os filhos. Um espelho não discursa, não grita; demonstra. Para que o espelho seja útil, ele tem que ser iluminado, ele tem que estar limpo, ele tem que ser plano; do contrário, ele distorce a imagem, embaça a imagem, e não se percebe as coisas com clareza. Quando os pais não vivem o que ensinam, e os filhos percebem que os pais são incoerentes, inconsistentes, eles ficam irritados.

Como é que os pais podem provocar os filhos à ira ainda?
Quando os pais comparam um filho com o outro para privilegiar um em detrimento do outro. Esse foi o erro, por exemplo, de Isaque e Rebeca, que tiveram dois filhos gêmeos. Isaque gostava mais de Esaú, Rebeca gostava mais de Jacó. Em vez de eles costurarem amizade entre os irmãos, provocaram uma guerra dentro de casa que se prolongou nas futuras gerações.

Preste bem atenção nisso: os nossos filhos não são iguais. Você pode exigir dos seus filhos o mesmo empenho, mas você não pode exigir deles o mesmo desempenho. Eles têm personalidades diferentes, têm dons e talentos diferentes. Às vezes para um filho, basta um olhar; para o outro, você precisa pegar mais firme. Então, se você agir de maneira inadequada, os filhos vão ficar irritados.

Depois de tratar desta questão, Paulo diz assim: “pais, não irriteis os vossos filhos para que não fiquem desanimados” (Colossenses 3:21). Quando os pais irritam os filhos (às vezes com palavras duras, com críticas, sem contrabalancear ou equilibrar isso com elogios), os filhos ficam desanimados. É importante dizer que os filhos precisam de exemplo, mais do que de palavras; de presença, mais do que de presentes.

Agora, Paulo vai tratar do aspecto positivo. Ele diz: “não provoqueis os nossos filhos mas criai-os”. Essa ideia de “criar” é de “formar”. Preste bem atenção nisso: a responsabilidade da formação dos filhos é dos Pais. Não é da escola. Não é do Estado. Quem dá rumo para os filhos, quem planta valores, princípios, para os filhos, não é o Estado, não é escola: é a família. São os pais.

Então, os pais é que criam os filhos. São os pais que colocam os princípios e valores que devem nortear a vida dos filhos. Em Deuteronômio capítulo 6 está escrita, a verdade maior da fé judaica, que nós chamamos de shemá: “ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.” Não há outros deuses. Só o Senhor é Deus. E, “estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” Na dinâmica da vida, o que está no seu coração, você vai semear e semear e semear; você vai enculcar; Isso é formar. Dá trabalho! Exige tempo, exige exemplo.

Mas, Paulo também diz assim: “criai-os na disciplina”. E o que significa isso? Significa que os filhos precisam de normas, de preceitos, de regras, de princípios claros. Em outras palavras, filhos precisam de limites. Nessa geração, em que parece que os pais perderam o controle, os filhos é quem mandam e os pais ficam reféns, os filhos ficam sem controle. Não têm limites. Filho que não tem limite, vai dar dor de cabeça amanhã. Os pais precisam saber que horas vão, aonde vão, com quem vão, o que vão fazer, que horas voltam para casa.

“Ah, mas isso é cafona, isso é jurássico. Isso pertence à era vitoriana; nós vivemos no tempo da modernidade.” Não! Não! Não! Princípios são necessários. Filhos que não têm balizas na sua vida, ficam irritados com os pais, porque isso significa que os pais não estão nem aí com os filhos. É como se dissesem: “Se vira! Eu não me importo com você.”

Pais precisam dar limites aos seus filhos. Os filhos precisam saber o que é certo, o que é errado; o que pode, o que não pode; o que deve, o que não deve; essas leis, essas normas, esses princípios, precisam estar claros.

Mas ainda, o texto diz: “criai-os na admoestação do Senhor”. A palavra “admoestação” na língua grega significa o confronto verbal, a conversa, o esclarecimento. É a palavra de exortação; é a palavra de encorajamento.

Me permita ilustrar isso: Imagine que o seu filho chega em casa, todo animado, e diz assim: “Papai, eu tirei 9 na prova de matemática!” E o pai responde assim: “Quando você vai tirar 10, menino?” O menino sai desanimado, apesar do sucesso. Em vez de ter uma palavra de encorajamento, de estímulo (o pai poderia dizer: “Meu filho, parabéns porque você tirou 9! Eu acho que da próxima você vai tirar 10!” É preciso ter palavras de encorajamento. Há pais que só criticam, só olham o lado negativo. É preciso ter palavras de encorajamento. Se houve um erro, uma falha, aí sim, é hora de corrigir, não como gritaria, não com agressividade, não com palavras de humilhação, mas com palavras de advertência, de admoestação. É desta maneira que você vai forjando, formando, consolidando o caráter e a personalidade de seus filhos para que eles sejam homens e mulheres de valor. Assim, seus filhos estarão nessa sociedade rendida à ditadura do relativismo, com princípios absolutos que não vão ser negociados.

Paulo termina assim: “criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”. Ou seja, você que é um pai cristão, precisa conhecer a Bíblia. A Bíblia é o manual de Deus para nós, que nos instrui como vivermos, como criarmos a nossa família, como ensinarmos os nossos filhos, como prepararmos os nossos filhos para servirem à nação com valores e princípios que não vão ser negociados. Desta maneira, seus filhos vão ser mais filhos de Deus do que seus próprios. Você vai dar aos seus filhos não apenas uma casa para morar, uma roupa para vestir, um pão sobre a mesa, uma boa escola, uma boa formação. Você vai dar para os seus filhos princípios e valores eternos para que eles conheçam a Deus, para que eles se rendam a Cristo como seu Salvador pessoal. Para que eles possam servir a Deus nesta geração e andarem debaixo do Conselho de Deus.

Eu espero que você seja esse pai comprometido com Deus, comprometido com a sua esposa, comprometido com seus filhos, para que você veja a sua família florescer onde está plantada e ser um grande Instrumento nas Mãos de Deus.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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