“Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.” (Tiago 5.11)
Paciência triunfadora.
Você tem paciência?
Você é uma pessoa calma?
Quando a situação foge do seu controle, você se estressa, você se rebela, fica nervoso, levanta a voz, perde as estribeiras, agride as pessoas? Como é que você se classifica, que nota você dá para você mesmo nesta área da paciência?
A Bíblia fala de Jó, e é do domínio popular essa ideia da “paciência de Jó”. Quando a Bíblia fala que Jó foi paciente, não fala que Jó foi era paciente do ponto de vista estóico. Não diz que ele se sentou no canto da sala e ficou mordendo os lábios, trincando os dentes, aguentando calado os problemas da vida. Não. Jó não foi esse tipo de homem paciente.
Jó sofreu golpes terríveis na vida. Ele foi provado, testado, porque Satanás acusou a Deus e acusou a Jó. Acusou a Deus de subornar Jó com bênçãos para receber dele adoração, e acusou veladamente Jó de servir a Deus por interesse.
E então, Deus permite que Jó seja provado nas cinco áreas mais importantes da vida: a vida financeira, os filhos, a saúde, o casamento e as amizades.
Jó, sendo o homem mais rico do oriente, foi à falência. Jó, sendo um pai exemplar, e tendo 10 filhos, a quem ele ainda depois de adultos, orientava e intercedia por eles, precisa sepultar todos os filhos no mesmo dia.
Sendo um homem saudável, foi acometido por uma doença maligna que abriu feridas em todo o seu corpo, da cabeça aos pés.
No auge do seu desespero e no profundo do abismo de um sofrimento atroz, sua mulher diz para ele: “Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa o teu Deus e morre” (Jó 2.9).
Vieram os amigos de longe para consolá-lo, e assacaram contra ele os mais pesados libelos acusatórios, chamando-o de ladrão, de adúltero e de explorador dos órfãos e das viúvas.
Jó estava golpeado nas áreas mais importantes da vida. O que ele fez? Ele fez o que você e eu faríamos: Jó levantou aos céus nada menos do que 16 perguntas: “Por que eu estou sofrendo? Por que minha dor não cessa? Por que eu não morri no ventre da minha mãe? Por que eu não morri ao nascer? Por que o Senhor não me mata de uma vez? Por que eu enterrei meus filhos?” A única resposta que ele encontrou de Deus foi o silêncio; silêncio gelado, perturbador.
Jó levantou aos céus 34 queixas contra Deus. A única resposta que ele encontrou foi o silêncio de Deus. Nenhuma palavra, nenhuma resposta, nenhum sinal do favor de Deus, nenhuma luz no fim do túnel.
Esse homem foi reduzido a uma situação de vergonha, de opróbrio, de tristeza, de dor. Ele ficou magro, magérrimo, macérrimo, de couro furado pelas costelas em ponta, chagado, uma ferida aberta, uma carcaça humana, um aborto vivo. Ele estava de fato, no fundo do poço.
Porém, apesar de perder tudo, ele não perdeu a sua fé em Deus. Ele arranca do peito um brado de esperança e diz:
“Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus.” (Jó 19.25-26)
Satanás pensou que, se Deus tirasse de Jó o que havia dado para ele, Jó blassfemaria contra Deus. Satanás pensou que ninguém, inclusive Jó, poderia amar mais a Deus do que ao dinheiro, à família e a si mesmo. Jó põe por terra e derrota todas essas teses do diabo e deixa claro que ele adora a Deus, não por aquilo que Deus dá, mas por quem Deus é. E nessa conjuntura de tantas tempestades desabando sobre a sua cabeça, Jó revela uma paciência triunfadora.
Deus então se revelou para ele depois dessa expressão de fé. Deus abriu as cortinas da eternidade, abriu as comportas do céu e derramou sobre ele em torrentes caudalosas a sua majestade, a sua glória, o seu controle, o seu domínio do universo. E Deus pergunta para ele de forma tão eloquente, fazendo-lhe 70 perguntas, todas perguntas retóricas: “Onde você estava, Jó, quando eu lançava os fundamentos da terra? Onde você estava quando eu espalhava as estrelas do firmamento? Onde você estava quando eu cercava as águas do mar para elas não invadirem a terra?” E Deus foi se mostrando para Jó sua grandeza, o seu poder, a sua majestade, e Jó ,então, foi se recolhendo, se encolhendo, se encolhendo, para descobrir as verdades mais gloriosas que mudaram o rumo da sua história, porque, no sofrimento, ele demonstra uma paciência triunfadora.
Primeiro, ele reconhece a onipotência de Deus, quando diz lá no Capítulo 42: ” Bem sei que tudo podes” (Jó 42.2). Você e eu, como Jó, temos limitações gritantes, intransponíveis, mas o nosso Deus tudo pode. Para ele não tem causa perdida, para ele não tem pecado sem perdão onde há arrependimento, para ele não tem doença incurável, para ele não tem casamento irrecuperável, para ele não tem problema insolúvel. Ele tudo pode!
Segundo, Jó reconhece que os planos de Deus são perfeitos e eficazes: “nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). Deus não precisa fazer rascunho de seus planos. Deus não precisa lançar mão do “plano B” porque o “plano A” fracassou. Deus não é pego de surpresa. Deus não fica num beco sem saída. O plano eterno de Deus é perfeito, a vontade dele é feita e o propósito dele se cumpre.
Você pode ter uma paciência triunfadora quando compreende que Deus está no controle. Não tem acaso, não tem sorte, não tem azar, não tem determinismo cego; existe uma providência generosa de Deus na sua história.
Jó é restaurado por Deus quando ele compreende também que é uma pessoa limitada. Ele conhecia Deus só de ouvir falar, mas agora os seus olhos contemplam a Deus (Jó 42.5). Agora não é teoria, é prática, experiência. E é por isso que Jó, diante dessa gloriosa manifestação de Deus, reconhece o seguinte: “eu me abomino no pó e na cinza” (Jó 42.6).
Quanto mais você conhece a Deus, mais consciência você tem de que você é um pecador que carece da Graça, que depende da misericórdia de Deus. Enquanto Jó orava pelos seus amigos, Deus restaurou a sua sorte. E, tudo aquilo que foi tirado dele nas provas pelas quais passou com paciência triunfadora, foram devolvidas para Jó.
Diz a Bíblia que Deus deu saúde a Jó outra vez, e ele vive mais 140 anos. Diz a Bíblia que, sendo ele já outrora o homem mais rico, agora é duplamente mais rico, porque Deus devolve e restitui em dobro o que ele possuía. Diz a Bíblia que agora, os seus amigos que o acusaram, têm que vir a Jó para que este interceda por eles, a fim de que Deus ouça a oração de Jó e restaure os seus amigos.
Você não precisa se defender; você precisa andar com Deus, porque quando você anda com Deus, Deus defende você. Quando você anda com Deus, as pessoas que criticaram você, vão ter que voltar a você e mudar de opinião a seu respeito.
Deus restaurou o casamento de Jó. Ele pega os cacos e faz um vaso novo. As mágoas, as decepções foram superadas, e aquele casal voltou a se amar, a sonhar, a projetar o futuro, e Deus restaurou a família de Jó, porque ele tem mais dez filhos, como outrora tivera 10. Agora Jó tem 10 filhos no céu, agora Jó tem 10 filhos na Terra. Agora Deus restaura de forma plena a vida de Jó, porque este homem foi provado e aprovado. Esse homem demonstrou uma paciência triunfadora.
Rev. Hernandes Dias Lopes