Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.

Romanos 5:1-5

Os estudiosos dizem que Romanos é a cordilheira do Himalaia de toda revelação bíblica. Romanos é o evangelho segundo Paulo. Na verdade é uma espécie de tratado teológico. A carta mais robusta que Paulo escreveu. A carta que mais influência exerceu na história do cristianismo. Está por traz da conversão de Agostinho, da Reforma Protestante, da conversão de John Wesley (o grande avivalista do século 18), e tem sido o grande manual da teologia cristã ao longo dos séculos.

No texto lido o apóstolo Paulo vai tratar desta grande doutrina da justificação pela fé, que já vem tratando desde o capítulo 3.24, tratando do fundamento dessa doutrina. No capítulo 4 ele mostrou como essa doutrina está ancorada no antigo testamento, porque Abraão e Davi os dois símbolos da história de Israel foram justificados pela fé e agora no capítulo 5, ele vai falar sobre os frutos da justificação.

Mas antes de entrar nos frutos da justificação, me permita falar o que é justificação. A justificação é um ato de Deus, onde Deus declara justo diante do seu tribunal todo aquele que crê em Jesus, porque Deus imputou, colocou na conta do seu filho, os nossos pecados e Jesus então morre pelos nossos pecados, quitando a nossa dívida, pagando a nossa dívida, remindo-nos com seu sangue e então Deus imputa a nós, coloca na nossa conta toda a justiça de Cristo. A justificação é um ato (não é um processo), único e repetível. Não tem graus, não tem ninguém mais justificado que o outro. É um ato que acontece fora de você e não dentro de você. Acontece no tribunal de Deus.

No momento em que você crê em Jesus, Deus declara você lá no tribunal dele, ‘quites’ com a lei, ‘quites’ com a justiça. Já nenhuma condenação há mais praqueles que estão em Cristo Jesus nosso Senhor. Você toma posse da justificação pela fé. A fé é a causa instrumental, porque a base mesmo da justificação é o que Cristo fez na cruz em seu favor e em seu lugar. Pois bem, agora Paulo vai dizer – justificados pois mediante a fé temos paz com Deus. O primeiro fruto da justificação é que você tem paz com Deus, isso não é sentimento, isso é status. Você agora foi reconciliado com Deus, agora você passou de réu pra filho. Não tem mais muro de separação entre você e Deus. Agora lá no tribunal de Deus você tem um crédito infinito, não só seus pecados foram perdoados do passado, presente do futuro, mas você tem um crédito infinito na sua conta, toda a justiça de Cristo está depositada na sua conta. Porque Deus não colocou sua dívida na sua conta, colocou na conta do seu filho, ele morreu pelos seus pecados, então agora diz a Bíblia que aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós pra que nele nós fossemos feito justiça de Deus, então Deus não pôs a sua dívida na sua conta, Deus pôs a sua dívida na conta de Cristo, ele pagou a sua dívida e agora Deus pega todo o conteúdo, todo saldo positivo da justiça de Cristo e deposita na sua conta, isso é justificação.

Agora você tem paz com Deus, seu relacionamento com Deus foi plenamente mas ele prossegue e diz o seguinte, versículo 2, ele diz assim, por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso a esta graça na qual estamos firmes. Então, o segundo fruto é o acesso à graça. Esta palavra ‘acesso a graça’ na língua grega ela é muito importante porque era a palavra usada para a introdução de alguém na sala do trono. Esta palavra também era usada pra o adorador que entrava no santo dos santos pra adorar, onde estava a presença de Deus e esta palavra também foi usada no grego clássico para o porto onde o navio ancorava com segurança e significa que você não apenas tem paz em relação ao passado, você tem acesso contínuo a graça no presente, você pode falar com Deus a hora que você quiser onde você estiver, não precisa marcar audiência, não tem secretária, não tem linha ocupada, a qualquer hora em qualquer lugar sob qualquer circunstância você tem livre acesso ao trono de Deus, a graça.

Mas há um terceiro fruto da justificação quando ele diz assim: e nos gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. Versículo dois na parte final. Então você tem paz em relação ao passado, você tem graça contínua em relação ao presente e você tem esperança da glória em relação ao futuro, você não precisa mais ter medo da morte porque a morte foi vencida, você não precisa ter medo mais de condenação porque já nenhuma condenação há mais pra aqueles que estão em Cristo Jesus, você não tem medo mais do amanhã, da morte, da eternidade, você tem sim, esperança da glória.

Me permita ilustrar isso: Miguel Gonçalves Torres foi um dos quatro primeiros alunos do primeiro seminário da igreja presbiteriana aqui no Brasil. E ele era um português. Ele era muito doente e ele sempre brincava com seus colegas que não basta viver bem, é preciso morrer bem. No dia que Deus o chamou, ele gritou pelo nome da sua esposa (ele estava deitado no seu leito de enfermidade no quarto, ele chamou a esposa), e disse: querida corra aqui, quando ela chegou ele disse assim, eu pensei que na hora da morte eu fosse pro céu, mas na verdade o céu veio me buscar, e com essas palavras ele adormeceu.

Você já deve ter ouvido falar de Dwigth L. Moody, grande avivalista americano do século dezenove. Na hora que ele estava partindo pro Senhor, ele disse, afasta-se a terra, aproxima-se o céu, eu estou entrando na glória. Esta é a certeza de um salvo – esperança da glória. Isso levou o doutor Martyn Lloyd-Jones, médico da família real e pastor por longos anos da Abadia de Westminster, que tomado por um câncer fez um longo tratamento. Quando ele já estava no momentos mais finais da vida, os recursos da medicina não podiam mais atender a necessidade que ele tinha de recuperar a sua saúde, ele reuniu a sua família e disse pra sua comunidade, a sua igreja, não orem mais pela minha cura. Não me detenham da glória. Essa é a certeza de um crente. Pra ele o viver é Cristo e o morrer é lucro. Pra ele morrer é deixar o corpo e habitar com o Senhor. Pra ele morrer é partir pra estar com Cristo que é incomparavelmente melhor. Ele não tem medo amanhã. Ele não tem medo da morte. Ele sabe que ele tem segurança da glorificação. Ele tem expectativa da glória.

Mas me permita compartilhar com você o quarto fruto da justificação que é o derramamento do amor de Deus no nosso coração. O apóstolo Paulo vai dizer e não apenas isso, mas nos gloriamos nas próprias tribulações sabendo que a tribulação produz perseverança e a perseverança produz experiência e a experiência produz esperança e a esperança não se confunde porque o amor de Deus é derramado no nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi outorgado. Eu acho tão maravilhoso isso porque o cristão, ele passa por lutas também, ele pisa em terrenos cheios de espinhos também, ele caminha por desertos tórridos também, ele passa pelos vales escuros e sombrios das provações também.

Mas agora Paulo diz que nós nos gloriamos nas próprias tribulações, a palavra tribulação é um peso que esmaga você, mas não é porque você é masoquista e gosta de sofrer, você se gloria nas tribulações porque você sabe que Deus está trabalhando e a tribulação produz perseverança e esta palavra é paciência triunfadora porque Deus não quer que você seja um crente de segunda mão, Deus não quer que você seja uma pessoa que viva apenas a experiência dos outros, por isso diz ‘e a perseverança produz experiência’, a palavra aqui é a mesma palavra que o ourives usava pra purificar os metais jogando no fogo e o não era destruído, mas a escória derretia e o metal ficava bonito, lindo, puro, nobre, rico, mais precioso ainda.

Então você se gloria nas tribulações, porque você sabe que Deus coloca você na prova não pra destruir você, mas pra fortalecer as musculaturas da sua alma, não pra destruir você, mas pra tornar você uma pessoa mais parecida com Jesus. Ele diz você depois dessa experiência com Deus você vai ter esperança, não uma esperança qualquer porque o amor de Deus é derramado no nosso coração.

Que amor é esse? Primeiro – é um amor abundante, o amor é derramado. Há uma chuvarada do amor de Deus inundando seu coração de alegria, de gozo e de paz, mas este amor é imerecido porque Romanos 5 diz que Deus amou você e a mim quando nós eramos fracos ímpios, pecadores e inimigos Deus. Ele não amou você porque você era uma pessoa maravilhosa e merecia este amor? Não, Deus não amou a você e a mim por causa dos nossos méritos, mas apesar dos nossos deméritos. A causa do amor de Deus por nós, não está em nós, está nele mesmo. Ele nos amou com amor eterno. Ele nos atraiu pra ele mesmo com cordas de amor e este amor é um amor imerecido. Deus derrama o amor dele no nosso coração apesar de nós sermos pecadores inimigos dele, mas ainda este amor é provado.

No versículo 8 diz que Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda pecadores. Nunca duvide do amor de Deus por você. Deus aprovou este amor, não escrevendo em letras de fogo nas nuvens, mas esculpindo na cruz do calvário – eu te amo -quando Jesus o seu filho unigênito foi dado a você, por amor a você, pra que você não pereça mas tenha nele a vida eterna. Deus não poupou o seu próprio filho, antes por todos nós o entregou, não há amor maior do que esse, não há prova de amor maior do que essa, esta é a evidência máxima de que Deus ama você a cruz de Cristo.

Mas agora o outro fruto da justificação, e eu quero terminar aqui, que você pode se gloriar no próprio Deus. Lá no final ele diz assim no versículo 11: não apenas isto mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo por intermédio de quem obtivemos também a reconciliação se você perdesse tudo na vida você ainda poderia se gloriar se alegrar em Deus ele é o seu criador ele é o seu redentor é o seu provedor, ele é o seu consolador, ele é a sua herança. Você se gloria em Deus, você exulta em Deus como os mártires sofrendo a gruras, torturas tendo a vida ceifada iam pro martírio com cântico nos lábios com a bandeira da vitória hasteada porque eles se regozijavam em Deus este é o fruto ou os frutos da justificação.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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