E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (Romanos 8:30)
O apóstolo Paulo, o grande bandeirante do Cristianismo, o grande desbravador do Reino de Deus, o maior teólogo, o maior pastor, o maior missionário, plantador de igrejas da história do Cristianismo, o homem que escreveu 13 dos 27 livros do Novo Testamento, escreve a sua Carta aos Romanos: o grande manifesto Cristão.
Esta carta tem sido considerada o Evangelho Segundo o apóstolo Paulo. É, talvez, uma das obras mais robustas do ponto de vista doutrinário-teológico de toda a literatura mundial. Nesta carta, Paulo desenvolve a grande doutrina da salvação em Cristo, mostrando o poder do Evangelho (já na introdução da carta), mostrando como pecado tenazmente acorrenta as pessoas (seja os pagãos, seja os moralistas, seja judeus), e Paulo encerra todos no pecado dizendo: “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
E, então, ele abre a porta da esperança mostrando a salvação que temos em Cristo Jesus, a partir do capítulo 3:24. No capítulo 4, ele vai mostrar para nós o exemplo da justificação pela fé, mostrando que Abraão e Davi foram justificados pela fé.
No capítulo 5, ele fala dos frutos da justificação: Paz no passado, graça no presente, glória no futuro. No capítulo 6, ele vai mostrar nova vida que temos em Cristo. No Capítulo 7, o conflito interior do homem: “o bem que eu quero fazer, esse não faço; o mal que eu não quero, esse eu pratico”.
Mas, no Capítulo 8, Paulo vai apresentar para nós a grande obra de Cristo, a grande obra do Espírito Santo, e a segurança que nós temos em Cristo Jesus. E, no texto que nós acabamos de ler, temos aqui os elos dourados da Graça de Deus.
Paulo começa assim: “aos que Deus predestinou, a esses Deus também chamou.” Tudo começa com Deus. Não fomos nós que escolhemos a Deus; foi Deus quem nos escolheu. Não fomos nós quem amamos a Deus primeiro; foi ele quem nos amou primeiro; o nosso amor por Deus é o refluxo do fluxo do amor de Deus por nós. Deus não nos amou porque viu em nós algo bom para ser amado; Deus nos amou porque ele é Amor.
A causa do amor de Deus por você não está em você, não está em mim, está no próprio Deus. Ele nos escolheu e nos predestinou antes da fundação do mundo. Não porque ele viu em nós santidade; ele nos predestinou para sermos santos. Ele não nos escolheu porque viu em nós fé suficiente para sermos salvos; ele nos escolheu para crermos, de tal maneira que a fé não é a causa da eleição; a fé é a consequência da eleição: “todos quantos foram predestinados creram”, diz a Escritura. Ele não nos escolheu porque viu em nós boas obras; ele nos escolheu para sermos praticantes de boas obras: somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras.
Mas, Paulo diz assim: “aos que Deus predestinou a esses Deus também chamou”. Há dois chamados: um externo e um interno. Um dirigido aos ouvidos, outro dirigido ao coração. O Chamado eficaz é a voz do Evangelho. Jesus Cristo disse que as suas ovelhas ouviriam a sua voz e o seguiriam. Ele disse: “eu lhes dou a vida eterna e, jamais alguém arrebatará das minhas mãos as ovelhas que são minhas a quem eu dou a vida eterna.”
Houve um dia que você e eu ouvimos essa voz, a voz do Evangelho. Deus chama, e chama eficazmente: chama na rua, no hospital, dentro da sua casa, dentro de um templo, de um estádio de futebol; não importa onde você esteja, a voz de Deus é poderosa, despede chamas de fogo, faz tremer o deserto. E esta voz é a voz onipotente do Deus Todo-Poderoso.
Me permita ilustrar isso de maneira breve. Eu estava um dia no meu gabinete pastoral, quando entra um homem e diz: — Eu posso falar com o senhor? — E eu disse: — É claro! — Então ele me disse: — Eu estive ontem, domingo à noite, aqui na igreja. — Ah, mas que bom que o senhor veio! — falei ao homem. Ele me respondeu: — Mas eu não vim participar do culto. — O que o senhor veio fazer? — perguntei. Ele então me respondeu: — Eu era um traficante, e vim roubar um carro em frente ao templo. — Então eu perguntei: — Mas o que houve? — Ao que ele me respondeu: — Enquanto eu estava olhando os carros, ouvi uma música que brotava do templo. Eu entrei do jeito que estava, com o meu revólver na cintura, e quando eu ouvi o Evangelho, aquilo entrou com tanto poder no meu coração, que eu saí dali chorando arrependido, quebrantado, transformado pelo poder do Evangelho. Quando eu cheguei em casa ontem à noite a minha esposa me perguntou o que havia acontecido, se alguém havia me machucado, e eu respondi para ela que não. Que aquele homem que ela tinha conhecido já não existia mais. Aquele homem morreu, e agora eu sou uma nova criatura; Jesus me perdoou, Jesus me salvou, Jesus me transformou.
O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. Deus chama, e chama eficazmente.
Paulo prossegue e diz assim: “e aos que Deus chamou a esses Deus também justificou”. A Bíblia diz que não há justo, nem um sequer; todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. A Bíblia diz que todos nós teremos que comparecer perante o tribunal de Deus para dar conta da nossa vida. E então, diz a Escritura, que os livros serão abertos, e nós vamos ser julgados segundo o que tiver escrito nesses livros. Testemunhas levantar-se-ão contra nós nesse grande dia do juízo. Por exemplo, as nossas palavras. A Bíblia diz que nós vamos dar conta no dia do juízo por todas as palavras frívolas que nós proferimos. Você se lembra de todas elas? Você já xingou alguma vez? Já falou palavrão alguma vez? Já falou mal dos outros alguma vez? Já espalhou boataria, fake-news alguma vez? Você não se lembra, mas tudo está registrado nos anais do tribunal de Deus, e nós vamos dar conta no dia do juízo por todas as palavras frívolas que proferimos.
Nós vamos dar conta no dia do juízo pelas nossas obras. Aquilo que você fez, que seu pai não viu, sua mãe não viu, seus filhos não viram, seus amigos não viram, Deus viu. Você trancou a porta, apagou a luz, mas Deus estava lá. Você não pode esconder nada daquele cujos olhos são como chama de fogo.
Vamos dar conta no dia do juízo pelas nossas omissões. A Bíblia diz que se você sabe que deve fazer o bem e não faz, nisso você está pecando. Você pode estar dentro da sua casa, não falando mal de ninguém, não fazendo mal para ninguém, mas cometendo um pecado de omissão.
Mas, mais do que isso, a Bíblia diz que nós vamos dar conta no dia do juízo pelos nossos desejos e pensamentos. Segundo os psicólogos, passam pela nossa mente cerca de 10 mil pensamentos por dia. Quantos deles você teria vergonha de contar para o seu amigo mais íntimo? A Bíblia diz que Deus é poderoso para julgar até foro íntimo. É por isso que Jesus Cristo disse que, se você odiar, você já é réu de juízo. A Bíblia diz que se você olhar para uma mulher com intenção impura no coração, você já adulterou com ela. Muito embora os tribunais da terra não tenham competência para julgar foro íntimo, Deus tem poder para julgar foro íntimo.
Em outras palavras, nesses quesitos todos do julgamento, nenhum de nós será absolvido. Todos seremos culpados. Pelas obras, ninguém poderá ser justificado diante de Deus. Por isso, um outro livro será aberto no dia do juízo: o livro da vida. E, se alguém não foi encontrado escrito no livro da vida, será lançado para o lago de fogo, onde haverá dor e ranger de dentes para sempre.
Então, o que que Deus fez para nos salvar, sendo nós pecadores? Deus enviou seu Filho, o seu Único Filho como nosso substituto, como nosso representante, como nosso fiador. Quando Jesus Cristo foi para aquela Cruz, diz a Bíblia, ele foi carregando sobre o seu corpo no madeiro os nossos pecados. A Bíblia diz que Deus lançou sobre ele a iniquidade todos nós, que ele foi feito pecado por nós, ele foi feito maldição por nós. O sol escondeu o rosto dele, o Pai o desamparou naquela cruz quando gritou: — Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?
Naquele momento não havia beleza nele, porque o nosso pecado estava nele. E então, ele pega o escrito de dívida que era contra nós, rasga-o, encrava-o na cruz, e dá um brado: — Está Consumado! Está pago! Aquele que crê em mim não deve mais nada. — e ele morre pelos nossos pecados para ressuscitar para nossa justificação.
Então, você que crê no Senhor Jesus, Deus declara você, no seu tribunal, justo. E Deus coloca na sua conta toda a justiça do seu Filho, perdoando seus pecados do passado, do presente e do futuro, a ponto de a Bíblia dizer: — Já nenhuma condenação há mais para aqueles que estão em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Paulo conclui com o último elo dourado da Graça: “aos que Deus justificou a esses Deus também glorificou”. É claro que a glorificação está no futuro; acontecerá quando Jesus voltar. Mas Paulo coloca esse fato como algo consumado, por isso o verbo está no pretérito perfeito: “aos que Deus justificou, a esses Deus também glorificou”. Sabe o que significa isso? Se você está em Cristo Jesus, se você foi predestinado, chamado, justificado, na mente e nos decretos de Deus você já está no céu. Nada nem ninguém pode arrancar você dos braços de Jesus. Nada nem ninguém pode tomar de você o presente da vida eterna.
Aquele que começou boa obra em você vai completá-la até o dia de Cristo Jesus. Como Paulo escreveu para Timóteo, você pode tomar posse da vida eterna. Você pode ter segurança da sua salvação. Não porque você é forte, não porque você quem persevera, não. É Deus quem garante a você, é Deus quem persevera em dar a você a vida eterna. Se você crer em Jesus Cristo como seu Salvador pessoal, como o Senhor da sua vida, então agora mesmo Deus garante a você a posse, a alegria, a segurança da vida eterna.
Rev. Hernandes Dias Lopes