Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.
2 Timóteo 4:6-8

 

O apóstolo Paulo foi certamente o grande desbravador do Reino de Deus. Ele foi o mais importante bandeirante do cristianismo, ele, que outrora era o mais implacável perseguidor vem a se tornar o maior propagador da fé cristã. Ele, que nasceu em Tarso, que cresceu e se fortaleceu em Jerusalém, vai tornar-se um missionário transcultural plantando igrejas nas mais diversas províncias do império romano. Ele plantou igrejas na província da Galácia, da Macedônia da Acáia, da Ásia Menor. Ele foi um gigante de Deus no seu tempo, enfrentou todo tipo de luta, ele foi apedrejado, ele foi fustigado com varas, ele enfrentou naufrágios, ele sofreu toda sorte de acusações levianas. Ele foi perseguido em Damasco, foi rejeitado em Jerusalém, foi esquecido em Tarso, foi apedrejado em Listra, foi açoitado em Filipos, foi escorraçado da cidade de Tessalônica e Bereia. Ele foi chamado de tagarela em Atenas, de impostor em Corinto, ele enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém, acusado em Cesaréia. Enfrentou um naufrágio para Roma e foi picado por uma cobra em Malta. Ele chega na capital do império preso, algemado.

Esse homem trazia no corpo as marcas de Cristo. Ele era um homem já velho, pobre, era um homem o que tinha deixado um legado para a história. Dos 27 livros do Novo Testamento, ele escreveu 13, e agora ele está preso pela segunda vez na cidade Roma depois de uma larga folha de serviços prestados ao reino de Deus. Ele não encerra seus dias condecorado num culto de ações de Graças, com a Assembleia dos Santos trazendo-lhe palavras de gratidão. Mas ele encerra os seus dias numa masmorra Romana na masmorra Marmertina. Ele foi acusado de ser um bandido, um criminoso, um malfeitor, e os irmãos da Ásia com medo da perseguição que caiu sobre os cristãos depois do incêndio de Roma, abandonaram Paulo. Os crentes estavam sendo crucificados, queimados vivos, jogados às feras. Até mesmo Timóteo, seu filho mais próximo, estava com vergonha dele.

Quando marcaram uma audiência para Paulo apresentar sua defesa, ninguém foi a seu favor. E está lá o velho Apóstolo, com as cicatrizes no corpo, mas com alma embandeirada, feliz, porque tinha a consciência do dever cumprido e ele sai dessa audiência sentenciado à pena de morte. Ao escrever o texto que você ouviu ele já estava no corredor da morte, ele já estava aguardando o dia da sua execução. E é nessa conjuntura tão sombria que ele vai fazer o balanço final da vida.

Ele começa assim no versículo 7 – eu combati o bom combate, eu completei a carreira, eu guardei a fé. Alguém já disse que não basta começar bem, é preciso terminar bem, e Paulo está terminando bem porque ao olhar pelas lentes do retrovisor e fazer uma retrospectiva, ele entendeu que ele combateu um combate que valeu a pena: o Bom Combate. Não teve amenidades, foi luta do começo ao fim. Mas ele chegou a testemunhar assim – em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para testemunhar o evangelho da Graça de Deus. Esse homem tinha um propósito de vida: era completar sua carreira, era continuar fiel até o fim, e agora isso não é mais um projeto, agora um testemunho de vida – eu completei a carreira. No meio de tantas vozes, de tantas ideias, de tantas propostas, ele manteve-se íntegro e disse eu guardei a fé, eu nunca vendi minha consciência, eu nunca negociei princípios e valores, eu nunca abri mão da verdade. Eu fui preso, açoitado, fustigado com varas, enfrentei toda sorte de oposição do mundo, e a carranca do diabo, mas nunca abri mão da verdade – eu guardei a fé.

Que balanço fantástico acerca do passado, vida tranquila e segura, consciência limpa. Esta é a maneira como nós também deveremos, ou pelo menos, deveríamos fechar as cortinas da nossa vida. Mas Paulo neste balanço final da vida vai fazer uma descrição do seu presente no versículo 6 ele diz – Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. O que Paulo está dizendo é o seguinte: olha, a morte chegou, vou ter que enfrentá-la, fui condenado. Muito embora ele era um cidadão romano e não sofria a pena de crucificação, como sofreu Pedro, ele foi degolado. Imagine você, alguém no corredor da morte, injustamente acusado de um crime que ele não praticou, com a consciência tranquila, entendendo que não é Roma que vai tirar-lhe a vida, é ele quem vai se oferecer, não para Roma, mas para Deus, uma oferta de libação ao Senhor.

A maior riqueza que o homem pode ter no final da sua vida é uma consciência tranquila, é um espírito quieto, sossegado. É saber que está tudo bem com a sua alma, e Paulo está se sem medo, sem drama, sem pânico diante da carranca da morte, porque está entendendo que ele vai oferecer sua vida para Deus como oferta de libação. E vai afirmar ainda que não é a própria morte nua e crua que ele vai enfrentar, ele vai partir, ele usa uma linguagem eufêmica para descrever a morte – partida. A morte é uma partida, a morte é você se desvencilhar das cargas pesadas deste mundo, das dores, dos sofrimentos, das contradições, das lutas e das lágrimas. E você deixar tudo isso para trás é descansar das suas fadigas.

A morte para o cristão não é um pulo no escuro, no desconhecido, no incerto, não, não, não. A morte para o Cristão é ir para sua pátria permanente. Aqui somos peregrinos, aqui somos forasteiros, aqui não temos casa permanente, aqui não é a nossa pátria, aqui não está nossa herança. A morte para o crente é fazer a última viagem da vida rumo à Pátria Celestial. A morte para o crente não é o momento de desespero, não, embora a morte seja o rei dos terrores e o último inimigo a ser vencido, Jesus já arrancou o aguilhão da morte, já matou a morte, já inaugurou a imortalidade ao ressurgir dentre os mortos e a Bíblia diz que todo aquele que crê em Jesus não morrerá eternamente, porque ele é a ressurreição e a vida.

Então Paulo tem convicção de que nesse balanço final ele está indo para casa do pai, está mudando de endereço. Como aquele pastor que foi visitar um membro da igreja já idoso, já nos últimos dias de vida, lidando com a enfermidade há longos anos, e o pastor perguntou àquele ancião assim: Como é que você está meu irmão? E o ancião respondeu: Estou muito bem, pastor, muito bem. A casa onde eu moro está desmoronando, mas eu já estou de malas prontas para partir para casa do Pai. O céu é a casa do pai, o céu é o lugar que Jesus preparou para aqueles que o amam. Então morrer é partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Lá é o paraíso, lá é o céu, é a casa do pai, lá eu seio de Abraão, lá é a Nova Jerusalém, lá é o lugar onde Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima, não vai ter luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas já terão passado. Paulo está tranquilo porque o seu presente está resolvido com a convicção inabalável de que ele está voltando para casa, a casa do pai.

Mas finalmente neste balanço final da vida, Paulo vou olhar para frente, com a visão do farol alto. Ele não tem medo do futuro, ele sabe que a espada de Roma estava preparada para decepar sua cabeça, e ele não está com medo. Muito embora o juiz da terra, a corte romana, o tenha sentenciado à pena de morte, ele sabe que o reto juiz diante quem todos vão comparecer, já o justificou. Não tem mais culpa sobre a vida dele, nenhuma condenação há mais para aqueles que estão em Cristo Jesus. Então Paulo tem certeza de uma coisa: ele não está indo para ser degolado, e como a verdade máxima da sua vida, não, não. Isso é apenas a conjuntura temporal, na verdade ele está indo, diz ele, é receber a coroa da Justiça, a qual seu reto juiz me dará naquele dia, e não apenas a mim, mas a todos quantos amam a sua vinda. Esse homem está com seu passado resolvido, com seu presente seguro, e completamente satisfeito e contente, feliz e seguro em relação ao seu futuro.

A gora eu pergunto a você, qual é o balanço que você hoje faz da sua vida? Como você avalia o seu passado? Como você avalia o seu presente? Como você avalia suas expectativas do futuro?

Talvez a sua consciência está atribulada, talvez a sua alma esteja inquieta, talvez você esteja aflito porque as coisas não estão resolvidas aqui dentro de você. Pois agora mesmo você pode colocar sua vida nas mãos de Jesus. Assim como Saulo de Tarso que era um implacável perseguidor da igreja, foi convertido, se transformou no Apóstolo Paulo. Um assassino cruel, que mandou matar muita gente em Jerusalém, ele diz isso em Atos 26. 9 a 11.
Agora é um homem de Deus, mensageiro da reconciliação. Esse milagre Jesus pode fazer na sua vida também, libertar você, perdoar você, restaurar você, fazer tudo novo na sua história.

Ao chegar neste final você possa fazer um balanço e dizer: está tudo bem com a minha alma, está tudo bem com a minha alma. O passado já foi perdoado, o presente já está assegurado e a glória está pela frente. Graça no presente, glória no futuro, perdão no passado, tudo bem com a minha alma. Você pode hoje colocar sua vida nas mãos de Jesus e receber dele o perdão e a vida eterna.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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