Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.
Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.
Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.

(Apocalipse 4:1-5)

Os dias eram extremamente sombrios.

Desde o ano 64 da era Cristã, quando Roma foi incendiada, os cristãos começaram a ser perseguidos de forma crudelíssima. Foram crucificados, queimados vivos, jogados às Feras. Agora Domiciano governa o Império Romano, e reina de 81 a 96 D.C. Ele foi chamado de “segundo Nero” ou “Nero redivivo” pela maneira tão truculenta como ele perseguiu a Igreja.

A essas alturas, todos os apóstolos de Jesus já estavam mortos, e mortos pelo viés do martírio. Apenas João ainda sobrevivia. Foi quando João foi enviado para uma colônia penal, a ilha vulcânica do mar Egeu, a Ilha de Patmos.

João era O Último Sobrevivente do grupo apostólico. A igreja estava sendo massacrada. Certamente, a intenção de Domiciano era calar a voz do último apóstolo de Jesus, e fechar-lhe todas as portas da terra. Porém, Deus entra na história, muda o placar do jogo, vira a mesa da história, e se revela a João na ilha de Patmos. Então, o texto diz que João olha e vê uma porta aberta no céu. E, uma voz o convoca para subir para ver as coisas que em breve, não talvez aconteceriam, ou o que poderiam acontecer, mas as coisas que em breve devem acontecer.

Quem está no trono da história não são os poderosos deste século, não são os reis, os presidentes, os grandes, não! Quem governa é Deus. Quem tem as rédeas da história nas mãos é Deus. Quem define o curso da história é Deus. Então João é chamado para ver as coisas que em breve devem acontecer.

Quando João sobe, ele vê um Trono e alguém sentado no trono. Ele não ousa descrever aquele que está sentado no trono; ele apenas olha para o esplendor desta pessoa que está sentada no trono, e ele só consegue definir esse esplendor como o esplendor de jaspe e de sardônio. Jaspe é aquela pedra límpida como a luz, é o nosso diamante de hoje. Sardônio era uma pedra vermelha, pura gema, das mais nobres. Estas duas pedras com seu esplendor, retratam duas verdades acerca deste Deus que está sentado no trono: ele é Santo como jaspe, de luz cristalina; vermelho, retratando que ele é o Deus justo que vai julgar as nações.

Quando João olha, ele vê também 24 tronos ao redor deste trono. Os 24 tronos estão ali como uma representação da igreja do Velho Testamento e do Novo Testamento: os patriarcas e os apóstolos. A Igreja, remida no sangue do Cordeiro, não apenas estará no céu, mas também estará em tronos. Nós vamos reinar com Cristo. A Bíblia diz que nós vamos julgar o mundo, e julgar inclusive os anjos. A igreja não só é glorificada, ela também é entronizada, mas o trono que está no centro, no eixo do universo é o trono de Deus.

Como é este trono?
Quando João olha, ele vê um arco-íris ao redor do trono. O arco-íris é um símbolo da Aliança de Deus, que trata da misericórdia. O que é curioso, é que, aqui, a ordem dos fatos parece estar invertida, porque quando uma tempestade acontece, logo depois que ela se dissipa, vem o arco-íris, lembrando da promessa de Deus que disse: “Eu nunca mais vou destruir o mundo com água”.

Mas, nessa passagem, João não vê e ouve primeiro os trovões e relâmpagos, mas ele vê primeiro o arco-íris. Sabe por quê? Porque no trono de Deus, a misericórdia precede o juízo. Deus não traz juízo antes de alertar e oferecer a sua misericórdia. Antes das taças da ira de Deus serem derramadas de forma plena, primeiro vêm as trombetas do juízo misturadas com misericórdia.

Este é o nosso Deus. Ele não tem prazer na morte do ímpio, mas alerta-o para que se arrependa e creia, e se volte para Deus enquanto é tempo, e o busque enquanto ele está perto. A bondade e a misericórdia de Deus é que levam você a ter esta chance de se voltar para Deus antes do dia do juízo ser estabelecido.

O trono de Deus não é apenas um trono de misericórdia, é um trono de juízo, porque depois do arco-íris, então se vê relâmpagos, se escuta trovões rebombando das alturas. Os relâmpagos e trovões são símbolo do juízo de Deus que vem a este mundo que desonra a Deus, que se rebela contra Deus e que persegue o povo de Deus.

Como que é o trono?
Não é apenas um trono de misericórdia e de juízo. É também um trono de transparência e santidade.

João olha essa cena e este Trono, é como que um mar de vidro, diz o versículo 6. Isso significa que o trono de Roma está ocupado por homens maus: Nero, Domiciano e tantos outros que vão sucedê-los, como Maco Aurélio, Sétimo Severo, Décio, Deocleciano. Mas, o trono de Deus é um Trono de santidade. Não tem violência, não tem maldade, não tem sujeira, não tem corrupção.

Os tronos da terra estão maculados, os tronos da terra estão bêbados de sangue inocente, os tronos da terra estão eivados de corrupção e violência, mas o trono de Deus é um trono de santidade, de pureza, é límpido, é claro como a luz, como o vidro translúcido.

Mas a Escritura vai nos mostrar ainda (e eu quero chamar a sua atenção para isso) que, no verso 8, João agora vê os quatro seres viventes que são representantes das grandes hostes celestiais: dos querubins, dos serafins, daqueles que estão diante do trono adorando e servindo ao Senhor. Estes seres celestiais ressaltam ressaltam três verdades preciosas acerca deste Deus que está assentado no trono.

Aliás, o livro de Apocalipse é o livro do trono. Para você ter uma ideia a palavra “trono”, que representa poder, comando, controle, aparece 67 vezes em todo o Novo Testamento; 47 vezes só no livro de Apocalipse; e 12 vezes só neste capítulo 4 de Apocalipse. Este texto é o texto do trono, do controle, do governo. Deus é quem dirige a história. As rédeas da história estão nas mãos de Deus.

Mas, como esse seres celestiais descrevem a pessoa de Deus?

Permita-me olhar com você o versículo 8: “não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.”

Destaco aqui três coisas:

Primeiro, ele está tratando da santidade de Deus. Veja que a santidade de Deus é o principal atributo que adorna todas as outras características (atributos) de Deus. Por exemplo, você não vai encontrar na Bíblia “Deus é Amor, Amor, Amor”; você não vai encontrar na Bíblia “Deus é Justo Justo Justo”; você não vai encontrar na Bíblia “Deus é Bom, Bom, Bom”; mas você vai encontrar na Bíblia “Deus é Santo, Santo, Santo”.

Quando você diz “Santo”, você define. Quando você diz “Santo, Santo”, você enfatiza. Quando você diz “Santo, Santo, Santo”, você coloca em grau superlativo. Só Deus é Santo, Santo, Santo! Este é o Deus que está no trono.

Mas, em segundo lugar, esse Deus é Onipotente; o Deus Todo-Poderoso. Não há impossível para ele. A história não está à deriva; a história não está dando voltas, como os gregos imaginavam; a história caminha para um fim, para uma consumação.

Este Deus Todo-Poderoso está conduzindo a história à sua consumação, e neste momento de consumação, diz a Escritura, que o Senhor vai se assentar no trono, vai julgar as nações, e vai colocar todos os seus inimigos debaixo dos seus pés, e vai lançar no lago de fogo o Anticristo, o Falso Profeta, o Diabo, a morte e todos aqueles cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida. Este Deus não é só Santo; este Deus é Onipotente.

Mas há mais. O versículo 8 está nos informando que este Deus também é Eterno: “que era, que é e que há de vir”. Este Deus não é surpreendido, como ensinam falsamente algumas pessoas na heresia chamada de teísmo aberto, como se Deus pudesse ser surpreendido como você eu; não!

Deus é Eterno. Ele não está preso ao tempo. Ele conhece o futuro no seu eterno agora. Para ele não há nem passado, nem presente, nem futuro. Ele é o Deus Eterno. Ele tudo vê, ele tudo sabe, ele tudo conhece, ele está em toda a parte, ele é aquele que governa os céus e a terra, e tem o fim já definido no livro da sua história.

O texto vai encerrar quando os 24 anciãos, que representam a Igreja, se prostram diante do seu trono, adoram este que está sentado no trono, tiram as suas coroas de ouro e depositam aos seus pés reconhecendo que só Deus é digno de receber toda honra, toda glória e todo louvor; porque tudo vem, dele tudo é por meio dele e tudo é para ele.

O texto fecha esta descrição com a igreja adorando dizendo: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” Este é o Deus Criador que trouxe à existência todo o universo e sustenta todas as coisas criadas pela palavra do seu poder. Isso significa uma coisa: você não precisa temer o futuro. Quem está no controle da história não são os homens, nem do Brasil, nem dos Estados Unidos, nem da Rússia, nem da China, nem de qualquer país da Europa. Quem está no controle da história é o Deus Todo-Poderoso. A nossa vida está nas mãos desse Deus. Você não precisa temer o amanhã, você não precisa temer o futuro. O futuro está nas mãos do Deus Todo-Poderoso, o Deus da nossa vida. O Deus da nossa salvação.

Rev. Hernandes Dias Lopes.

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