Subindo ambos para o barco, cessou o vento. Mt 14.32

 

Verdade

Na linguagem da Escritura, falar sobre os mares, muitas águas, geralmente a conotação é a de incertezas, dificuldades, juízo divino. Tanto é assim, que alguns episódios podem ser ressaltados para percebermos esta direção: o primeiro grande juízo de Deus sobre o homem foi revelado em um dilúvio (Gn 6-9); o primeiro grande obstáculo do povo de Deus ao sair do Egito foi o mar (Ex 14); o primeiro grande obstáculo da liderança de Josué foi a cheia do rio Jordão (Js 1); Jonas enfrentou a ira divina no fundo do mar; os discípulos enfrentaram a tempestade no mar (Mt 8.23-27); e em nosso texto temos o mar revolto como pano de fundo.

Um fato importante a se notar no texto, é que ele inicia falando que Cristo causa a ida dos discípulos ao mar, ele mesmo ordena (v.22); e certamente Cristo sabia o que aconteceria, e tinha um propósito santo em tudo.

Os discípulos já estavam no meio do mar (Mc 6.47), haviam navegado quase dez quilômetros (Jo 6.19), o mar estava revolto, o barco açoitado pelas ondas (v.24), e ao ver Jesus, os discípulos só conseguiram pensar no fruto da imaginação, um fantasma (v.26). Assim, um triplo medo é visto no texto, medo do mar revolto, medo do fantasma e o medo de Pedro afogar-se.

É assim a vida cristã, não é livre das intempéries de um mar revolto, não é livre da sensação de solidão em alto mar, não é livre do medo de afogar-se, a Queda nos atingiu, e mesmo com o coração regenerado, somos tentados a depositar a confiança no nosso controle do barco em um calmo mar.

Não, a nossa vida não está segura em nossas mãos, está nas mãos daquele que é o Verbo de Deus (Jo 1.1), no qual todas as coisas foram criadas (Jo 1.3), naquele que realiza milagres no mar; isso porque ele não só criou o mar, como domina a sua fúria, e até anda por sobre as tempestuosas águas (v.27); ele não só manda Pedro andar sobre as águas, como na falta da sua fé ele o segura pela mão para que ele continue em cima das águas (v.31), ele é aquele que o vento e o mar lhe obedecem (v.32; Mt 8.27).

Vida

É diante de alguém assim, o nosso Senhor Jesus, que os discípulos se prostraram e adoraram, pois reconheceram que eles estavam seguros aos seus pés, pois ele é “verdadeiramente o Filho de Deus!” (v.33). Diante de Jesus a nossa vida está segura, e mesmo que venham tempestades, temos a garantia que ele segurará em nossa mão e conduzirá a nossa vida em fidelidade, para sua glória, por toda a eternidade, quando o “mar não mais existirá” (Ap 21.1), não como uma referência aos mares, mas à todas as intempéries e incertezas. Não temas!

Pastor Timóteo Sales

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