“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas,”
Hebreus 1:1-3
A carta aos Hebreus é anônima, nós não sabemos quem a escreveu. Esta carta é considerada a chave hermenêutica do Antigo Testamento. Nós não conseguiríamos entender plenamente o Antigo Testamento sem olhá-lo pelas lentes desta carta, a carta aos Hebreus.
Esta carta é chamada, com justiça, de o Quinto Evangelho, porque se os quatro Evangelhos tratam do ministério de Cristo na terra, Hebreus trata da continuidade do ministério de Cristo no céu. Hebreus foi escrita porque a perseguição assolava a igreja e muito judeus convertidos a Cristo, para fugirem da perseguição, estavam retornando para o judaísmo, então o autor escreve o seguinte: depois de ter abraçado a Cristo, voltar para o judaísmo é a mesma coisa de deixar a realidade e voltar para as sombras. Isso porque Cristo é melhor do que os profetas, do que os anjos, do que Moisés, do que Arão, do que Josué. O sacrifício que Cristo fez é superior ao sacrifício Levítico, a nova aliança que ele inaugurou no seu sangue é superior a velha aliança, a ordem sacerdotal da qual ele procedeu é superior a ordem levítica porque ele é Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
E o autor aos Hebreus já introduz a sua carta, no capítulo primeiro, retratando para nós esta verdade magna de que Jesus é o intérprete de Deus. A primeira coisa que nós precisamos ter claro nesta a abordagem é que Deus só pode ser conhecido por que Deus se revelou. O conhecimento de Deus não é fruto da pesquisa da perquirição humana, mas da auto-revelação divina: Deus se revelou na natureza, os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos, Deus se revelou na nossa consciência, há um tribunal moral dentro de nós que nos acusa e nos defende, está escrito em Romanos 2.15. Deus se revelou de forma especial na sua Palavra, onde podemos conhecer, clara e detalhadamente, a sua específica vontade para nossa vida, e Deus finalmente revelou-se em Cristo, a sua máxima e completa Revelação.
A revelação de Deus foi progressiva até Jesus, mas não a partir de Jesus. Não há novas revelações mais. A revelação ultimou em Cristo, ele agora veio nos mostrar Deus em toda a sua Plenitude, porque ele é a exata expressão do ser de Deus, ele é o resplendor da Glória, nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade e ele pode dizer que quem me vê a mim vê o Pai, porque eu e o pai somos um.
É muito importante entender que no versículo primeiro Paulo diz assim: Havendo Deus outrora falado muitas vezes, de muitas maneiras aos pais pelos profetas. Deus falou, e Deus falou muitas vezes e Deus falou aos nossos antepassados, aos pais, e Deus falou pelos profetas. Mas esta revelação que foi progressiva era também uma revelação incompleta, parcial, porque todo o Antigo Testamento falou de Jesus, todo o Antigo Testamento foi uma preparação para a vinda de Jesus ao mundo. Ele foi prometido lá no Éden, ele é a semente da mulher que veio para esmagar a cabeça da serpente. Ele foi simbolizado pelo cordeiro da Páscoa, pelo Tabernáculo, pela Arca da Aliança, ele foi simbolizado pela coluna de nuvem que guiavam o povo durante o dia e a coluna de fogo que guiava o povo durante a noite, ele foi simbolizado pelo maná, ele foi simbolizado pela água que brotou da rocha, e ele foi simbolizado pelo templo, ele foi simbolizado pelas festas de Israel, pelos sacrifícios diários. Tudo isso era sombra, ele é a realidade.
Ele foi simbolizado pelo sábado, ele é o nosso verdadeiro sábado, ele é aquele que trouxe descanso verdadeiro para nossa alma. Então Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos pais pelos profetas. Diz o texto: Mas agora ele nos fala pelo filho, nesses últimos dias nos falou pelo filho. Então o filho é a última revelação de Deus, a final revelação de Deus, o filho é o próprio intérprete do Pai. Não espere novas revelações, você não as terá, porque a última, plena, cabal, completa e maiúscula revelação de Deus, veio em Cristo, seu filho. O verbo eterno, pessoal e divino, se fez carne e habitou entre nós cheio de graça e de verdade e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
Nesta introdução, o autor aos Hebreus destaca os três ofícios de Jesus Ele é o Supremo Profeta, ele é o Sumo Sacerdote, ele é o Rei dos Reis.
Como profeta ele é o mensageiro e o conteúdo da mensagem. Nesses últimos dias Deus nos falou pelo filho – ele é o mensageiro, ele é a própria mensagem. No versículo de número 3 o autor vai nos mostrar que ele é o Sumo Sacerdote porque está escrito que ele fez a purificação dos pecados e os sacerdotes levíticos não podiam fazer isso, eles eram homens imperfeitos fazendo sacrifícios imperfeitos. Mas Jesus é o sacerdote perfeito que ofereceu a si mesmo como sacrifício perfeito e por isso ele pode e poderá purificar pecados. Mas ele é o Rei dos Reis porque está escrito assim: depois assentou-se à direita da Majestade, nas alturas. Ele está entronizado, o Pai o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor para glória de Deus Pai.
Então aquele que o intérprete de Deus, é o Supremo Profeta, é o Sumo Sacerdote, é o Rei dos Reis. Vamos detalhar um pouco mais isso. Quando o autor aos Hebreus trata de Jesus como o grande profeta, que é o intérprete de Deus, ele diz o seguinte: nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas. Ele é o dono de todas as coisas, pela sua morte e pela sua ressurreição, ele recebe como herança a você e a mim. Seu povo, suas ovelhas que ele comprou com seu próprio sangue. Nós somos dele, propriedade exclusiva dele, vasos de honra para glória dele.
Mas ele diz também algo sublime: pelo qual também fez o universo. Isso é estonteante! Esse universo vastíssimo, insondável, não existe desde sempre, a matéria não é eterna como pensavam os gregos, a matéria foi criada e criada por Jesus, ‘por meio do filho e ele fez universo’, o universo foi feito. O universo não surgiu espontaneamente, não pariu a si mesmo, não surgiu de moto próprio, ele foi chamado a existência pela palavra onipotente do verbo, o verbo de Deus.
O universo não é resultado de uma mega explosão cósmica, não. Nós não estamos diante do acaso, nós estamos diante da soberania de Jesus Cristo, o nosso glorioso Redentor. Por exemplo, nós estamos o Planeta Terra, até hoje se sabe que é o único local plenamente adequado para a vida, e por que estamos aqui, foi por acaso? Nós estamos rigorosamente onde deveríamos estar, se nós estivéssemos mais longe do Sol, morreríamos congelados, se nós estivéssemos mais perto do sol, morreríamos queimados.
Não, não foi o acaso que nos deixou aqui, foram as mãos do nosso glorioso Redentor. Você olha para a lua, faxineira do planeta Terra, o nosso satélite, você sabe que não haveria vida sem o trabalho da lua, porque são as fases da lua que produzem as marés dos oceanos e se não houvesse as marés dos oceanos as nossas praias se encheriam de lixo e a vida seria impossível nosso planeta. Não, não foi o acaso que deixou a lua na sua órbita, foram as mãos do nosso glorioso Redentor por meio do qual Deus fez o universo. O Profeta é o Criador. Todo esse vasto universo tem as digitais do Criador, Ele veio para revelar Deus.
Mas o autor ainda prossegue e diz o seguinte: ele é o resplendor da glória e a expressão exata do seu ser. Vou usar uma palavra que não é comum, é mais comum nos círculos teológicos: Jesus é a exegese de Deus, ele é o intérprete de Deus. Quando Deus mandava os profetas lá na antiga aliança, eles falavam de um atributo de Deus com mais destaque, Isaías enfatizou a santidade, Amós a Justiça, Oséias a misericórdia, mas quando Jesus veio, ele veio para revelar Deus sabe porque? Ele é a exata expressão do ser de Deus, ele é o resplendor da Glória, nele habitou corporalmente toda a plenitude da divindade, ele e o Pai são um. Quem vem a Jesus, vem ao pai.
Mas ele prossegue e diz o seguinte: sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Nele tudo subsiste, ele não apenas é o criador do universo, ele é o sustentador do universo, ele quem dá equilíbrio à todas as coisas, ele quem mantém a vida. Paulo disse isso em Atenas, a capital intelectual do mundo: nele vivemos, nos movemos e existimos, ele que nos dá vida, a respiração e tudo mais. Mas agora o apóstolo Paulo vai dizer que ele, depois que fez a purificação dos pecados, ele é o sacrifício e ele é o sacerdote. Ele não foi para a cruz involuntariamente, não foi para a cruz porque Judas o traiu, porque o sinédrio o acusou, ou porque Pilatos o condenou, não, ele foi para cruz consciente e voluntariamente. Ele a si mesmo se entregou, e se entregou, diz a Bíblia, por amor de nós para morrer pelos nossos pecados e nos purificar do pecado. O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.
Mas agora Jesus o intérprete de Deus não é apenas o profeta e o sumo sacerdote, ele é o Rei dos Reis, porque o texto conclui assim no verso 3: depois ele assentou-se à direita da Majestade nas alturas. Ele está assentado no trono, ele reina, ele é o Rei dos Reis, ele é o Senhor dos Senhores. Ele levanta reinos, ele abate reinos, ele coloca príncipes no trono e faz esses príncipes apiarem do trono. Ele tem as rédeas da história em suas mãos, ele é a raiz de Davi, ele é o leão de Judá que venceu para abrir o livro e desatar os seus selos; Ele tem as rédeas da história em suas mãos, ele governa as nações, ele controla o universo, ele é o cabeça da igreja, ele é o Senhor da sua, da minha, da nossa vida. Ele é o rei soberano que vai voltar pessoalmente, individualmente, fisicamente, visivelmente, audivelmente, repentinamente, inesperadamente, inescapavelmente, gloriosamente. Ele é o Rei dos Reis e hoje você pode entregar a sua vida a ele e receber dele a própria vida eterna.
Rev. Hernandes Dias Lopes