“Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galileia; lá o vereis, como ele vos disse.” (Marcos 16:7)

O apóstolo Pedro é uma das pessoas mais importantes da História da Redenção. Este é um homem que orava pelos enfermos e eles eram curados; pregava e os corações se derretiam. O apóstolo Pedro abriu as portas do Evangelho para judeus e gentios.

Este homem nasceu em Betsaida, era irmão de André, filho de João. Era casado, pescador e foi chamado por Jesus para ser um pescador de homens. Um discípulo; mais tarde, um apóstolo e o líder de apóstolos.

Este homem é um símbolo de quem somos: dos avanços e recuos, das subidas e quedas, das manifestações robustas de coragem e das descidas aos vales da covardia.

Capaz de uma fé audaciosa, a ponto de dizer para Jesus: “Se és tu, Senhor, manda-me ter contigo por sobre as águas”; e Jesus disse: “pode vir, Pedro!”, ele começou a andar sobre as águas e, de repente, tomado pelo medo, naufragou (Mateus 14:28-31).

Capaz de fazer uma declaração tão linda: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo”, para em seguida repreender Jesus e Jesus dizer: “Arreda Satanás! És para mim causa de tropeço; cogitas das coisas dos homens e não das coisas de Deus” (Mateus 16:13-26).

Capaz de prometer a Jesus fidelidade inegociável: “Contigo irei para prisão e para a morte. Estou pronto a ir contigo para prisão e para a morte. Ainda que todos te abandonem, eu jamais!” (Lucas 22:33-34), para, em seguida, covardemente, negar Jesus três vezes.

Eu quero dizer para você que Pedro mora debaixo da sua pele. O sangue de Pedro corre em suas veias. O coração de Pedro bate em seu peito. Você tem o DNA de Pedro. Você e eu somos Pedro. O que Jesus fez na vida dele, Jesus pode fazer na sua, na minha, na nossa vida ainda hoje.

O que é curioso, é que depois que Pedro negou a Jesus de uma maneira tão covarde, dizendo: “Eu não sei o que dizes”, “Eu não conheço esse homem”, “Eu juro que eu não conheço esse homem.” Falou palavrões, impropérios, blasfêmias dizendo: “Eu não conheço esse homem!” O Galo cantou, Jesus cravou em Pedro o seu olhar, ele desatou a chorar e saiu dali, da casa do sumo sacerdote, chorando amargamente.

Naquela noite Jesus foi cuspido e esbordoado, e Pedro não estava lá. Na sexta-feira de manhã, Jesus é levado ao pretório romano, espancado, vilipendiado, condenado à pena de morte, e morte de cruz, e Pedro não estava lá. Nove horas da manhã, Jesus é crucificado, e Pedro não estava lá. Três horas da tarde da sexta-feira, Jesus morre na cruz, e Pedro não estava lá sequer para dar um funeral digno a Jesus. Domingo, pela manhã, não é Pedro, são as mulheres da Galileia que vão ao sepulcro de Jesus. Pedro está escondido com medo dos judeus.

Quando as mulheres chegam, o túmulo está aberto, a pedra está rolada, elas entram e o túmulo está vazio, elas saem e tem um anjo na porta dizendo para elas assim: “O que vocês estão fazendo aqui, procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está mais aqui! Ele ressuscitou! E há um recado aqui: Ide e dizei aos seus discípulos e a Pedro que ele irá adiante de vós para a Galileia. Lá o vereis, como ele vos disse” (Mateus 28.5-7).

Por que o anjo fala o nome de Pedro, se Pedro também era discípulo? Por que a distinção, por que a deferência a ele?

É que Jesus sabia que, àquelas alturas, Pedro não se sentia mais discípulo. Pedro tinha desistido de Jesus. Pedro, Petros (fragmento de pedra) — mentira, apenas pó —, negou o seu nome, negou sua fé, negou seu apostolado, negou o seu Senhor. Pedro desistiu de Jesus, mas Jesus não desistiu de Pedro.

Eu quero dizer para você que Jesus não desiste de você. Apesar de seus deslizes, apesar de suas quedas, apesar de seus fracassos, apesar de você achar que não tem mais esperança para você, Jesus não abre mão da sua vida.

Eu fico imaginando aquela jornada de Jerusalém à Galileia: 153 km à pé. Eu imagino que, cada passada que Pedro dava, sentia uma fisgada na alma, uma martelada na consciência, e Pedro pensando: “quando Jesus se encontrar comigo, ele vai me quebrar todinho, ele vai me arrebentar, ele vai colocar o dedo no meu nariz e dizer que eu sou um fracasso, que eu sou um covarde, e eu sou mesmo!”

Quando Pedro chega na Galileia, Jesus não está lá. Pedro disse assim: “Eu vou pescar.” Porque ele era um líder, os outros disseram “Pois nós vamos também” (João 21.3). Mas o que quer dizer “eu vou pescar”? Quer dizer “estou estressado”, “preciso refazer minhas energias”, ou “colocar minhas ideias no lugar”? O que isso significa?

Quando Pedro disse “eu vou pescar”, ele está dizendo: “acabou para mim. Não tem mais futuro; não tem mais projeto; vou voltar para o passado; vou voltar para as redes. Não tenho mais perspectiva do amanhã.”

Naquela noite eles não pegaram nenhuma piaba. Quando o homem se afasta de Deus, nem pescar ele consegue mais. Os discípulos estão voltando, o dia está quase amanhecendo, as redes estão vazias, a 100 metros da praia. Jesus está caminhando por lá, mas não dá para saber se é Jesus, porque ainda está meio escuro. E Jesus, da praia, se dirige a eles lá no barco dizendo assim: “Filhos!” — ele chama de filhos um bando de covardes, um bando de desertores.

“Filhos…” é assim que Jesus trata você e a mim. Apesar do nosso pecado, ele nos trata como filhos. “Tendes aí alguma coisa de comer?” (João 21.5) — Jesus pergunta. É claro que essa pergunta não tinha a ver com o fato de que Jesus precisase dessa informação, mas ele faz essa pergunta para acordar a consciência deles, e eles responderam: “Não!”.

Então, Jesus disse a eles assim: “Lançai a rede à direita do barco e achareis” (João 21.6). Jesus conhece, domina e governa os céus, a terra e o mar. E, naquele momento, Jesus empurra um cardume de peixes selecionados para o lado direito do barco: 153 grandes peixes!

Quando Pedro lança as redes do lado direito do barco, os peixes começam a pular nas redes. João diz: “É ele, Pedro! É Jesus! Ele está aqui! Ele chegou, Pedro!”

Pedro larga para lá o barco, as redes, os peixes e nadou 100 metros. Coração acelerado. Ele pensa: “E agora? Ele vai me quebrar; ele vai me arrebentar todo.” Quando ele chega na praia, um susto: ele encontra um braseiro com pão e com peixe.

Só tem dois lugares no Novo Testamento onde aparece a palavra “braseiro”: onde Pedro negou Jesus, e onde Pedro foi restaurado por Jesus. Jesus plantou aquele braseiro ali para curar a psique de Pedro, as memórias de Pedro, as emoções de Pedro, para dizer para ele: “Sabe por que que eu botei esse braseiro aqui, Pedro? Porque na mesma geografia em que você caiu, eu vou te levantar; na mesma geografia em que você me negou, você vai ter a oportunidade de me confessar; na mesma geografia onde você foi um fracasso, eu vou fazer de você uma benção. Sabe por que, Pedro? Porque a minha graça é maior do que o seu pecado!”

Ali Jesus alimentou os discípulos e depois perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que esses outros?”. Pedro responde: “Por que ‘mais’, Senhor?”. Jesus fala então: “Lembra, Pedro, que você disse que, ainda que todos me abandonassem, você não abandonaria? Lá você disse que você era mais crente, mais leal, mais fiel do que os outros. Você ainda pensa a mesma coisa a seu respeito?”.

Jesus perguntou pela segunda vez: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pela terceira vez: “Simão, filho de João, tu me amas?”

Por que Jesus perguntou três vezes? Porque por três vezes Pedro negou Jesus. Jesus está fazendo essa pergunta três vezes, para dizer: “Pedro, para cada queda sua, a minha graça é suficiente para levantar você. Você me negou a primeira vez; você me negou a segunda vez; você me negou a terceira vez; mas a minha graça é maior do que o seu pecado, Pedro!”

Jesus finalmente diz: “Pedro, então apascenta os meus cordeiros! Pastoreia as minhas ovelhas! Apascenta as minhas ovelhas!”

Jesus está restaurando Pedro, Jesus está restaurando o ministério de Pedro, Jesus está devolvendo cajado de pastor às mãos de Pedro. Ele também não desiste de você. Ele pode restaurar você, ele pode trazer de volta aquela liderança que um dia você exerceu para que você seja uma grande benção nas mãos de Deus.

A partir de agora, Pedro é um outro homem; é um homem cheio do Espírito Santo; é um homem de oração. Agora Pedro prega, e os corações se derretem; agora Pedro ora e os enfermos são curados; agora Pedro é uma benção nas mãos de Deus, porque Jesus não desistiu de Pedro, nem desiste de você.

Talvez você colheu algumas decepções na sua vida. Talvez você se afastou dos caminhos de Deus. Talvez você negou Jesus com seu testemunho, mas hoje Jesus está aqui. O mesmo Jesus está aqui para restaurar você, para perdoar você, para dar a você a chance de recomeçar uma linda e nova caminhada com ele. Renda-se a Jesus; volte-se para ele. Ele é rico em perdoar e tem prazer na misericórdia.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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