Nós celebramos agora no dia 12 de Agosto de 2019 os 160 anos do presbiterianismo em solo pátrio. No dia 12 de agosto de 1859 chegava ao Brasil o jovem missionário americano Ashbel Green Simonton para plantar a Igreja Presbiteriana do Brasil, e hoje esta igreja, presente em todos os estados da nossa federação, é um dos grandes baluartes da evangelização do nosso país; uma igreja que, pela graça de Deus, tem demonstrado a sua vocação à evangelização: na educação, na obra missionária, no Brasil e fora dele.
Hoje queremos tributar a Deus o nosso pleito de gratidão por esta denominação, que tem sido fiel às Escrituras e levado a esperança do evangelho ao povo Brasileiro. Então, eu quero hoje, à luz do texto de Mateus, conversar um pouco com você sobre a igreja e sobretudo sobre Jesus como o fundamento da igreja.
Jesus estava caminhando pelas bandas extremas do norte de Israel, lá nas fraldas do monte Hermon, lá na divisa com o Líbano, lá em Banias onde nasce o rio Jordão, em Cesaréia de Filipe, quando ele faz uma espécie de enquete com seus discípulos, perguntando assim: que dizem os homens ser o filho do homem? Em outras palavras: o que as pessoas comentam a meu respeito? E os discípulos responderam: Senhor, uns dizem que tu é João Batista, outros dizem que tu és Elias, outros dizem que tu é Jeremias, outros dizem que tu és alguns dos profetas; em outras palavras: Senhor, o povo está completamente confuso a teu respeito.
Ainda hoje, parece-nos que, o cenário é o mesmo; as pessoas estão confusas acerca de quem de fato é Jesus. Mas então Jesus se volta para os discípulos e pergunta: e vós, quem dizeis que eu sou? E Pedro, que era um homem falante e líder, não suportava que ninguém falasse na frente dele, se levanta em nome do grupo e responde: tu és o Cristo, o filho do Deus vivo! Talvez até aguardando um elogio de Jesus por uma definição tão clara, tão nítida e tão lúcida; mas Jesus não o elogiou nesses termos, não! Jesus diz assim: bem-aventurado és Simão, bar Jonas, porque não foi carne e sangue que te revelaram, mas o Pai, que está nos céus. Em outras palavras, Jesus disse para Pedro: “Pedro, não pense você, que você sabe quem eu sou porque você é mais inteligente ou espiritual que os outros, você só sabe quem eu sou porque o Pai me revelou para você, porque se o pai não tivesse revelado para você, como os outros, Pedro, você também não saberia quem eu sou”. E Jesus então se volta para Pedro e diz assim: eu também te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Está aqui em Mateus 16, versículo 18, um dos textos mais importantes da Bíblia, de cuja correta interpretação depende o futuro do cristianismo. Quem é esta pedra sobre a qual a igreja está edificada? Pois bem, há três interpretações na história da igreja sobre o significado desta pedra sobre a qual a igreja está edificada. A primeira interpretação é que o próprio Pedro é a pedra; há uma frase em latim muito conhecida no universo religioso que diz assim: “ubi Petrus, ibi Ecclesia”, onde está Pedro aí está a igreja. A segunda interpretação é que a pedra é a declaração de Pedro: “tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”. Mas a terceira interpretação, e eu a subscrevo, juntamente com os cristãos protestantes de todos os tempos, na sua vasta maioria, é que o próprio Cristo é a pedra sobre a qual a igreja está edificada. E parece-nos que o texto nos leva a esta conclusão; então vejamos: há na língua grega uma espécie de trocadilho entre a palavra Pedro e a palavra pedra. Pedro não é a raiz, pedra é a raiz; Pedro deriva-se de pedra e não pedra de Pedro; a palavra Pedro no grego é petros, é fragmento de pedra, é um pedaço de pedra, arrancado de um maciço rochoso. Petra é rocha inabalável, metáfora esta, usada apenas pra Deus em toda a Bíblia. Então, o que Jesus Cristo disse a Pedro foi o seguinte: “eu também te digo que tu és Petros, fragmento de pedra, mas sobre esta pedra, sobre esta rocha, que sou eu, edificarei a minha igreja.
Ainda, o pronome demonstrativo nos ajuda; você sabe que tanto no português quanto no inglês, como no grego, há uma diferença entre “esta” e “essa”; eu estou com a minha Bíblia na mão e eu digo “esta” Bíblia; se a minha bíblia estivesse longe de mim eu diria “essa” Bíblia. Se Jesus tivesse a intenção de dizer que Pedro era a pedra sobre a qual a igreja está edificada, ele teria dito: “eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”; não foi o que ele disse, ele disse: “eu também te digo que tu és Petros, fragmento de pedra, mas sobre “esta”, sobre esta pedra, sobre esta rocha eu edificarei a minha igreja. De tal maneira que, neste versículo, Jesus está nos ensinando quatro verdades.
Em primeiro lugar, Jesus é o fundamento da igreja. O apóstolo Paulo entendeu isso dizendo que ninguém pode lançar outro fundamento além daquele que já foi posto, o qual é Cristo Jesus. O próprio Pedro ao pregar em Jerusalém disse que Jesus e não ele é a pedra de esquina sobre a qual a igreja está edificada, o fundamento da igreja é Jesus e não Pedro.
Segundo, Jesus é o dono da igreja, ele disse: “eu edificarei a minha igreja”. A igreja não é sua, a igreja não é minha, a igreja não é nossa, a igreja tem dono, e o dono da igreja comprou-a com seu próprio sangue; Jesus é o dono da igreja.
Terceiro lugar, Jesus é o edificador da igreja; ele disse: “eu edificarei a minha igreja”. Quem edifica a igreja não é você, nem eu, nem nós, quem edifica a igreja é o próprio Senhor Jesus. Paulo entendeu isso quando diz: “eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento vem de Deus, de tal maneira que, nem o que planta, nem o que rega é coisa nenhuma, mas Deus que dá o crescimento”. É Deus quem faz a obra, ele nos instrumentaliza, mas é ele quem nos convence de pecado, é ele quem chama, é ele quem regenera, é ele quem justifica, é ele quem santifica, é ele quem glorifica, a salvação é uma obra plena de Deus; ele planejou, ele executa e ele a consumará.
Mas finalmente, Jesus Cristo é o protetor da igreja. Ele diz: “e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Não tem perseguição, não tem fornalha, não tem fogueira, não tem martírio, não tem pobreza, não tem opressão que possa destruir a igreja do Deus vivo, porque aquele que a salvou, é o mesmo que a protege. A grande pergunta hoje é: “você já faz parte desta igreja?”. Eu não estou falando de uma denominação religiosa, eu não estou falando de você ser membro desta ou daquela igreja, você já faz parte desta igreja do Deus vivo, corpo de Cristo? Você já entregou o seu coração a Cristo? Você já se rendeu aos pés dele? Você já se arrependeu dos seus pecados e pôs sua confiança em Jesus Cristo, o filho de Deus? Pois aqueles que creem no Senhor Jesus, fazem parte desta única igreja, a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade, esta igreja cujos nomes dos membros estão escritos no livro da vida, e você então tem o selo do Espírito Santo, e tem então a convicção e a certeza da vida eterna.
Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Mateus 16.14-18.
Rev. Hernandes Dias Lopes