Era Abrão muito rico; possuía gado, prata e ouro. Fez as suas jornadas do Neguebe até Betel, até ao lugar onde primeiro estivera a sua tenda, entre Betel e Ai, até ao lugar do altar, que outrora tinha feito; e aí Abrão invocou o nome do SENHOR. Gn 13.2-4.

 

Verdade

Quando olhamos para o contexto de Abraão, apesar de rico, sua vida não era um mar de rosas. Abrão sai da sua terra, de Ur dos Caldeus, vai até Harã, lá o seu pai morre, ele não pode ter filhos, Deus o toma e leva para Canaã prometendo uma descendência inumerável, ele continuava sem filhos, a terra que Deus lhe prometeu é castigada com fome, da qual ele precisa buscar refúgio no Egito; no Egito, Faraó tinha o péssimo costume de tomar as belas mulheres, por vezes matando os maridos, motivo pelo qual Deus puniu Faraó, mesmo em meio a fragilidade da fé de Abrão naquele momento (Gn 12). E diante da paz selada com Faraó, Abrão está em um cenário de incertezas, pois ele continua peregrino e sem filhos.

Ele poderia se apegar agora à sua riqueza, ao cenário de paz, ao retorno de sua esposa ao lar, e decidir viver em algum lugar menos propenso à fome vivida na terra prometida, ou à hostilidade do Egito.

Agora observe que o texto diz que Abrão sai do Egito e volta para a terra da fome, terra que o expulsou e o pôs em risco de vida; vai para o Neguebe, grande deserto ao sul de Israel, depois volta até Betel, local que primeiro armou sua tenda, onde ele edificara um altar ao Senhor (Gn 12.8).

Assim, o que destacamos é que, diante das incertezas, ele não esmorece, não se entrega, não murmura, não lamenta, não decide precipitadamente, não busca refúgio nos bens, não deposita a esperança em nada além do Senhor, ele confia nas suas promessas, ele vai para onde Deus o mandou ir, volta a peregrinar na terra da promessa, da qual ele saiu para ser peregrino conforme a ordem divina (Gn 12.10), ali ele invoca o nome do Senhor (Gn 13.4).

Vida

Abrão volta para a terra da promessa não porque lá não oferecia riscos, ele já vira que a fome poderia chegar, mas porque, diante das incertezas, ele, movido pela graça de Deus, mantinha a sua fé firmada no Deus que prometeu uma descendência inumerável, uma terra para essa descendência (Gn 12), mas sobretudo, porque aguardava a redenção em Cristo, em quem a sua alma foi alegrada ao vislumbrar o Dia (Jo 8.56), aguardava com fé o arquiteto e fundador da nova Jerusalém (Hb 11.8-10): Jesus Cristo, aquele que dissipa toda e qualquer incerteza.

Pastor Timóteo Sales

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