“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.” Gálatas 6:1,2
É doloroso constatar que nos nossos dias, muitas vezes, a igreja tem sido mais conhecida na mídia por causa dos seus escândalos do que por causa da sua piedade
Tantas vezes a igreja tem sido um lugar onde as pessoas se tornam prisioneiras de misticismo, de sincretismo, de legalismo, e as pessoas são de certa forma feridas pelo sentimento de culpa, vivendo um cristianismo completamente distante daquele ensinado nas sagradas escrituras.
A igreja não é lugar de culpa, é lugar de cura, a igreja não é uma comunidade de doença, mas terapêutica, a igreja não é lugar de exploração, mas de serviço.
E então eu quero me reportar a esta passagem bíblica que você leu agora há pouco, quando Paulo escreve esta carta, que foi provavelmente a primeira carta que ele escreveu, a carta aos Gálatas, é o grande Manifesto da Liberdade Cristã. A igreja estava sendo atacada pelos judaizantes, querendo impor aos crentes o legalismo judaico dizendo para ele “se vocês não se circuncidarem, se vocês não guardarem a lei de Moisés, vocês não poderão ser salvos” e Paulo escreve esta carta como que o Manifesto da Liberdade Cristã, mostrando que para a liberdade foi que Cristo nos libertou. No capítulo 5 desta carta Paulo mostra a vida no Espírito, mas agora vai mostrar a ética do Espírito, e começa assim: “irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós que sois espirituais corrigi-o com espírito de brandura” e quando o Paulo diz “se alguém for surpreendido nalguma falta”, esse alguém pode ser você pode ser eu. Nenhum membro da igreja por mais ilustre, por mais piedoso, pode bater no peito arrogantemente e dizer “não, eu nunca vou cometer este ou aquele pecado”, então esse alguém pode ser qualquer pessoa agora quando ele diz “surpreendido nalguma falta” está mostrando que o pecado é um laço, que não é uma coisa planejada, programada, arquitetada, eu vou hoje cometer um pecado, hoje eu vou cometer um delito, hoje eu vou cometer uma transgressão, planeja isso, executa isso, não! O pecado às vezes é escorregar em uma casca de banana. Aliás a palavra ‘falta’ aqui é pisar fora do caminho, é tropeçar, é a própria pessoa foi surpreendida.
O que fazer quando um membro desta família tropeça e cai? Ás vezes se diz que a igreja é um exército que executa os seus feridos. Não! A igreja um lugar que recupera os seus caídos. Paulo diz assim: “irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura”. Esta disciplina eclesiástica não é para jogar a pessoa para fora da igreja, é para recuperar a pessoa que caiu, não se trata o caído como inimigo, mas como irmão. A ideia de corrigir, na língua portuguesa, é difícil de entender, porque quando você fala em corrigir é dar uma prensa, botar contra a parede. A palavra corrigir, no grego, em que foi escrito esse texto, é uma palavra da medicina ortopédica, é a mesma palavra para alguém que quebra um braço, por exemplo, e vai ser colocado no lugar, tem que ter sensibilidade, tem que ter tato, é desta maneira que nós devemos abordar uma pessoa que caiu.
Paulo disse “corrigi-o com espírito de brandura”, a palavra brandura aqui é a mesma palavra que ele usou no fruto do espírito, mansidão, você se aproximar da pessoa com mansidão, com equilíbrio, com cautela, com jeito, com tato, não é esmagar a cana quebrada, não é apagar a torcida que fumega, é lidar com essa pessoa como o Bom Pastor lida com a ovelha que caiu no abismo, Ele não sacrifica a ovelha, ele não executa a ovelha, Ele resgata a ovelha, Ele coloca a ovelha nos braços e leva ovelha para um lugar seguro. Quantas vezes pessoas são machucadas nas igrejas, há tantas pessoas feridas, há tantas pessoas doentes emocionalmente, há tantas pessoas que foram descartadas, jogadas fora, contrariando o preceito bíblico, que a igreja é lugar de cura, é comunidade terapêutica, é lugar de restauração para o caído, e Paulo dá mais um conselho “guarda-te para que não sejas também tentado”, ou seja, cuidado com a arrogância espiritual, cuidado com a soberba, cuidado com essa altivez, você achar “eu sou melhor do que ele, eu não caí, ele caiu”, cuidado!
Isso me lembra certa feita, quando li, que Moody estava indo pregar numa cruzada evangelística e tinha um diácono que caminhava ao lado dele, e de repente olharam um bêbado caído na sarjeta, coberto de vômito, e o diácono disse “olha Moody, que coisa horrível”, e Moody disse para o diácono assim: “ali estaria eu, se não fosse a graça de Deus”. Quando você está ajudando alguém que caiu, cuidado para que você não se sinta melhor do que ele, cuidado para que a soberba não tome conta do seu coração, guarda-te, vigie para que você não seja também tentado. E aí Paulo diz assim no verso 2, “levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” o que Paulo está dizendo aqui? A igreja como comunidade de cura, comunidade terapêutica, não ajuda a pessoa a se levantar apenas com palavras, com exortações, com advertências, mas também com ação prática, a pessoa que está caída, ela não consegue pegar a sua própria carga, aqui está falando de uma carga pesada, é ajuda prática, é botar essa pessoa de pé e ajudar na caminhada ali para frente, como nós precisamos disto, na igreja de Deus.
Nós somos uma família, nós somos um irmão, nós somos irmãos, se um sofre, todos sofrem com ele, Jesus nos ensinou e a Bíblia nos ensina a chorar com os que choram e alegrar-nos com os que se alegram. Esta é a comunidade da fé, esta é a família de Deus, esta é a igreja do Deus vivo, esta é a coluna e baluarte da Verdade, é lugar de cura, é lugar de serviço, é lugar de mútua cooperação.
Então é hora de você olhar para sua congregação e saber se tem gente lá precisando de ajuda, de uma palavra, de um braço estendido, do coração aberto, das mãos abertas, do bolso aberto, da casa aberta, para que esta pessoa seja recuperada, reestabelecida e possa ser reintegrada à comunhão plena da igreja, para servir a Deus com novidade de vida.
Rev. Hernandes Dias Lopes