Graça Irresistível

Verdade

Será que um perdido e sedento no deserto conseguiria resistir um copo com água oferecido por aquele que é considerado um grande inimigo? Talvez para alguns casos a resposta seja um “sim, é possível”. O orgulho enraizado pode preferir a morte do que a ajuda de um inimigo.

E mesmo não sendo o mais comum, mesmo em situações extremas, este é o padrão natural do coração caído no que diz respeito à sede espiritual, ele tenta resistir a graça alheia; pois os desvios da queda atingiram o seu coração desde a concepção (Sl 58.3). Recusamos o que é bom, mesmo que isso nos cause prejuízos; a própria mensagem do Evangelho é recusada a todo instante, zombada, e podemos ter a sensação de que a graça salvífica de Deus oferecida ao coração sedento é uma graça barata e recusável pelos caprichos do coração tortuoso.

A Reforma Protestante do Século XVI resgatou este ensino, outrora esquecido e ocultado “em baixo das relíquias, ritos e indulgências”. Pois diferente de um pensamento de livre arbítrio humano, a Escritura nos mostra o coração do velho homem como escravo do pecado (Rm 6.6), e a obra de salvação como uma ação de uma graça irresistível, diferente do chamado externo, a pregação, que é resistível.

Assim, o pecador pode até refutar a pregação, mas quando o Espírito Santo, através também da pregação, abre o coração (At 16.14), transforma as estruturas, tirando o coração de pedra, dando um coração de carne (Ez 11.19, 36.26), este chamado é irresistível; pois o Pai que enviou a Cristo, traz, arrasta à força, faz uma ação contrária à natureza caída (Jo 6.44), mudando todas as disposições do coração, com uma graça indizível, gloriosa, irresistível.

Vida

O mesmo João nos diz que “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). Sim, a graça de Deus nos alcançou em Cristo de modo que não a escolheríamos, que a recusaríamos, e como filhos da ira (Ef 2.3) zombaríamos, não fosse a sua maravilhosa graça transformando e transbordando em nosso coração. É impossível um coração, por mais duro e “resistível” que seja, não ser renovado pelo poder transformador da Graça Irresistível do nosso Senhor Jesus Cristo.

Pastor Timóteo Sales