Deus meu, por que me desamparaste?

Verdade

Há momentos na vida em que as pessoas que mais amamos e confiamos, aquelas que são as últimas que imaginaríamos nos abandonando, são as primeiras a virarem as costas para nós. Ainda mais, há momentos em que as crises são tão duras que temos a sensação que o próprio Deus nos abandonou, sentimos dores na alma, e o nosso coração tem esta sensação.

O salmista Davi exclamou também assim: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu bramido? Deus meu, clamo de dia, e não me respondes; também de noite, porém não tenho sossego” (Sl 22.1-2). E nesta exclamação de dor e angústia ele não estava afirmando que Deus se esquece do seu povo ou desampara aqueles que o buscam, mas mostrando a dor e o sentimento de um coração em aflição, que por ser pecador e falho, perde de vista o cuidado e providência de Deus.

Este salmo foi usado por Cristo na cruz no momento de maior angústia e dor, no ápice do inferno, já que este subiu até a cruz; ele gritou, bradou em alta voz (Mt 27.45): “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Diferente do que ocorreu com Davi, que, como tipo de Cristo, apenas teve a sensação de desamparo, Cristo sentiu como que o Deus Pai virando o rosto para quem se fazia maldição, miséria e pecado em nosso lugar.

Para que Deus não virasse o rosto de nós, para que a maldição do pecado não fosse a causa do nosso abandono espiritual, para que não fossemos desamparados por Deus quando pecarmos, Cristo sofreu na pele, no coração e na alma o desamparo do eterno.

Vida

É por causa de Cristo que Davi já afirmava que Deus “não desprezou, nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe gritou por socorro” (Sl 22.24), pois Cristo foi desprezado, sentiu o rosto virado do Pai, para que quando nós gritarmos por socorro, em tempo oportuno, Deus não nos desampare, mas nos acolha nos seus braços como filhos da Aliança. Em Cristo, Deus jamais nos desampara!

Timóteo Sales