Bem-aventurados os mansos

Verdade

Sofrer o dano não é prazeroso. Por vezes somos alvos de injustiças, que tiram o nosso sono, a nossa alegria, que, por vezes, nos fazem até gemer. E diante de situações como essas, somos tentados a agir impensada e agressivamente, como uma resposta que tentamos justificar como correta ou a única saída forçada pelas circunstâncias (1Sm 13.8-15).

Mas a Escritura nos ensina um caminho melhor e que dói no coração enganoso, é o caminho da mansidão. Jesus Cristo fala dessa característica como esperada para um discípulo seu, para um cidadão do céu, para alguém que já teve a vida transformada, reconheceu sua indignidade e carência espiritual, que chora seus pecados e fragilidade.

Essa característica nos remete a uma vida de renúncia, de sofrer o dano, de preferir sofrer o dano ao invés de causa-lo ou revidá-lo. A Escritura fala de Moisés, por exemplo, como alguém que era muito manso, mais do que todos os homens que viviam naqueles dias (Nm 12.3); alguém que por vezes intercedeu a Deus pelo povo, pedindo para sofrer o dano merecido pelo povo.

Não é sem pretensão que Paulo também fala sobre essa característica, como sendo uma faceta do fruto do Espírito (Gl 5.23), de maneira que ela se expressa desde o modo como nos portamos em conformidade com a Palavra de Deus, até no modo como repreendemos os que tropeçam diante da lei de Deus (Gl 6.1).

Vida

Mas não dá para pensar em mansidão e não olhar para Cristo, aquele que mansamente foi arrastado por nossos pecados, sofreu o dano, não abriu a boca, como ovelha muda perante os seus tosquiadores (Is 53). Mansamente ele deu sua vida por nós, mansamente ele sofreu as nossas agruras, mansamente ele intercedeu por nós naquela rude cruz, mansamente ele nos ensinou que os verdadeiros bem-aventurados não são os que saem com os sorrisos radiantes diante das crises, mas por vezes, com lágrimas nos olhos, mansamente fazendo a vontade do Pai, esses, herdarão a terra, pois viverão de modo digno e cheio de Deus aqui, mas principalmente, esses receberão de Cristo, o manso varão, a entrada na terra celestial que ele tem preparado para os que nele esperam.

Timóteo Sales