Sentença revelada ao profeta Habacuque.
Até quando, Senhor , clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?
Por que me mostras a iniquidade e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita.
Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida.

Habacuque 1:1-4

No século 19, a grande tensão que existia no cenário mundial era a tensão entre a fé e a ciência. No século 20 a tensão já não foi mais entre fé e ciência, mas entre fé e história, especialmente depois da Segunda Guerra Mundial.

No século passado o mundo foi abalado por duas sangrentas guerras mundiais, na primeira guerra 30 milhões de pessoas ceifadas, na segunda guerra mais de 60 milhões de pessoas ceifadas. A pergunta que as pessoas fizeram e ainda fazem é, porque Deus permite? Será que a situação ficou fora de controle, será que Deus perdeu as rédeas da história, será que os homens se insurgiram contra Deus de tal maneira que Deus não possa refrear o ímpeto do mal nas mãos dos perversos?

Esse texto de Habacuque traz luz a esta realidade, o profeta Habacuque está também alarmado. O cenário mundial é grave, porque no ano de 722, o poderoso império assírio conquistou as dez tribos do norte, levou cativo o povo, tomando a cidade de Samaria (capital do reino do norte). Esse grande império assírio, entretanto, que já havia sitiado Jerusalém e Deus miraculosamente livrado Jerusalém das mãos do poder da Síria, cai nas mãos de um outro império, em 612, quando o império caldeu impõe ao império assírio uma acachapante derrota.

Agora o império caldeu que é o maior Império do mundo (Império babilônico), cerca Jerusalém no ano 606, e leva para Babilônia os nobres, dentre eles Daniel. Depois, um segundo cerco acontece, em 596, mas antes disso, vale destacar, que em 605 o Egito declara guerra contra a Babilônia e marcha com seus tanques pelo território de Judá para uma batalha terrível, amarga, em Carquemis na Síria, quando a Babilônia impõe ao império egípcio do Faraó Neco uma derrota fragorosa. Então o império babilônico cerca Jerusalém de novo, em 596, levando outra leva de cativos.

Em 586 Jerusalém é tomada, mas antes disso Jeremias está profetizando em Jerusalém, dizendo para o povo se render, porque Deus haveria de disciplinar o povo de Judá por causa da sua idolatria usando a vara da sua ira, que era Babilônia, mas o povo diz, não, esse Jeremias é um falso profeta, ele não é nacionalista, enquanto nós tivemos o templo conosco, nós não seremos atingidos. E eles prenderam Jeremias, porque ele estava pregando a verdade de Deus. Mas Deus levanta lá na Babilônia dessa segunda leva que foi, o profeta Ezequiel, que lá na Babilônia profetiza a queda de Jerusalém, a destruição do Templo de Jerusalém, fazendo o coro com a mensagem do profeta Jeremias.

O profeta Habacuque, contemporâneo dos dois, está agora alarmado porque ele vê sua cidade, vê o seu povo completamente rendido ao pecado, à iniquidade, à frouxidão moral e ele descreve isso no capítulo 11 a partir do verso 2, quando ele diz: até quando, Senhor, clamarei eu e tu não me escutarás. É o silêncio de Deus gritar-te-ei violência, e não salvarás, a cidade rendida, violência de toda a sorte, e ele prossegue: porque me mostra a iniquidade, me fazes ver a opressão, pois a destruição e a violência estão diante de mim, a contendas e o litígios se suscita. a sociedade está caltizada, a guerra está posta, os conflitos estão estabelecidos. E ele prossegue: por esta causa a lei se afrouxa – é o relativismo, o poder Judiciário está inoperante. E ele vai além e diz o seguinte: a justiça nunca se manifesta, está quase que pessimista em relação à sua nação, e ele vai além e diz assim: porque o perverso cerca o justo e a justiça torcida. Então parece que a esperança está minguando no seu coração e ele está alarmado com isso.

Agora presta atenção no que eu vou lhe dizer: quando o povo de Deus não escuta a voz do Evangelho, a voz da Graça, vai ter que escutar o estalido do chicote. Deus falou tantas vezes, levantou tanto os profetas, para avisar o povo para alertar o povo, para chamar o povo ao arrependimento, para alertar a nação acerca dos seus desvios e o povo não escutou, aliás, perseguiu os profetas, prendeu os profetas, mataram os profetas. Agora o profeta fica mais alarmado ainda porque Deus revela para ele que ele está trazendo a Babilônia – o grande império caldeu – para disciplinar o povo de Judá. É isso que está escrito no versículo 5: vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos e desvanecei, porque realizo em vossos dias obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada, pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa.

O que está acontecendo aqui agora é que a Babilônia, com todo o seu poderio bélico e militar, vai invadir Judá, vai tomar Judá, vai invadir Jerusalém, vai destruir o Templo de Salomão, vai arrasar a cidade, vai levar o povo prisioneiro para Babilônia, mas não porque a Babilónia é tão poderosa, não porque o seu poderio militar é tão vasto e tão rico de recursos, não porque Judá é fraco, não, o texto está dizendo que o próprio Deus está entregando Jerusalém nas mãos dos caldeus. É obra divina para disciplinar o seu povo.

É claro que isso gerou por parte do povo de Judá uma espécie de incredulidade, porque o verso 5 diz o seguinte: vós não crereis quando isso vos for contado. Talvez esse é o problema nosso, é antigo, quando por exemplo Noé pregou durante 120 anos que chegaria o dilúvio, que o juizo de Deus, a disciplina de Deus viria sobre o povo, ninguém acreditou até que o dilúvio chegou . Foi assim talmbém nas cidades de Sodoma e Gomorra que açodadamente se encaminharam para o pecado, os mais desbragados de violência, de moralidade. O povo não ouviu, não acordou para essa realidade, até que a cidade foi destruída. Foi o que aconteceu também com Jerusalém, em 586 os profetas falaram: Jeremias falou, Ezequiel falou, Habacuque falou, eles não ouviram, e a Babilônia veio, e o povo foi levado cativo.

O mesmo ocorreu mais tarde, nos anos 70, quando o próprio Jesus alertou que a cidade Jerusalém seria entricheirada, atacada, invadida pelos romanos e a cidade destruída e o povo disperso, o que de fato aconteceu. As vezes você pergunte, mas como? Talvez você ainda pergunta como Deus permitiu duas sangrentas guerras mundiais, como Deus permitiu que o regime comunista em 1917 levasse tantas Nações (um terço da terra) à opressão, à miséria, ao ateísmo, ao martírio. O maior número de marchas da história do cristianismo aconteceu nas mãos dos comunistas. Como Deus permite que regimes totalitários de opressão que impõe miséria ao povo, pobreza o povo, terror ao povo, predomine. Quem não escuta a voz da graça vai ter que escutar o estalido do chicote, as pessoas não estão acreditando nisso, mas Deus está dizendo ‘sou eu que estou trazendo os caldeus, sou eu que estou suscitando os caldeus’, quem não escuta a voz da graça vai receber o chicote do juízo é a grande mensagem que deixa o profeta perplexo mas que retrata a soberania de Deus.

Mas é curioso que também aqueles que Deus levantou para ser a vara da sua ira e para exercer a disciplina ao seu povo rebelde, não entendeu o propósito de Deus, porque está escrito também que eles – lá no versículo 11 -fazem-se culpados, estes cujo poder é o seu Deus. A Babilônia achou que ela estava invadindo Judá, destruindo Jerusalém, arrasando com o Templo de Salomão, porque eles tinham poder nas mãos, aliás eles adoravam o seu próprio poder como uma divindade fosse. O que aconteceu? Deus de derrubou a Babilônia, veio o império medo-persa e derrotou a Babilônia e a história se repetiu, e Deus derrubou o império medo-persa, e a história se repetiu e Deus derrubou o império Greco-macedônio, e a história se repetiu e Deus derrubou o império romano. Deus levanta reinos e abate reinos, Deus levanta reis e abate reis.

Nós estamos assistindo o drama hoje da invasão militar da Rússia à Ucrânia, o mundo está perplexo, as nações estão sobreassaltadas, os analistas dizem que só Rússia e Estados Unidos, (as duas maiores potências bélicas do mundo), só essas duas nações tem arsenal nuclear para destruir o planeta 16 vezes. As nações não tem amigos, as nações têm interesses, e não houve uma reação militar contra Rússia nessa circunstância por causa do medo, por causa do medo. Esta é a grande angústia das nações, esta é a grande perplexidade dos povos.

Mas quero lhe dizer uma coisa, aqueles que acham que tem o poder nas mãos e que o poder que eles têm nas mãos é o seu próprio Deus esquecem-se de que Deus é soberano e ele está no trono e ele pode levantar e pode derrubar do trono – este é o nosso Deus. Os reinos deste mundo são temporais, está escrito o versículo 11: então passam como passa o vento e seguem, mas o versículo 12 diz: não és tu, desde a eternidade, ò Senhor meu Deus, meu santo? Os reinos passam, as poderosas nações passam, os reis desta Terra passam, o poder humano passa, mas o nosso Deus é eterno e ele está no trono e ele vem ele tem as rédeas da história em suas mãos.

É hora de nós entendermos uma filosofia da história, quem tem as rédeas da história nas mãos é Deus, quem está no trono é Deus, quem dirige os acontecimentos é Deus, a história não está à deriva, a história não é um caminhão sem freio ladeira abaixo, a história não está dando voltas, a história não é um fracasso já decretado, a história caminha para uma consumação – a consumação é a vitória plena de Cristo e do seu povo.

É por essa razão que o profeta Habacuque vai para sua torre de vigia e eis o soberbo, sua alma não é reta nele, mas o justo viverá pela fé. A nossa confiança não está nas grandes potências econômicas e militares, a nossa grande confiança não está na ONU, não está na OTAN, não está na União Europeia, não está no poder bélico e econômico, a nossa confiança está no Deus todo-poderoso.

Ainda que o cenário seja cinzento, nós podemos dizer como profeta Habacuque disse naquele contexto de guerra e de invasão militar: ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide, o produto da oliveira minta, os campos não produzam mantimento, as ovelhas são arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no Senhor, eu exulto no Deus da minha salvação. Os nossos olhos estão postos em Deus diante dos dramas da história na confiança de que ele está no trono e ele conduzirá a história a uma consumação final, onde há vitória de Cristo e do seu povo.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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