“ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia. Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem. Disse este: Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares.” (Gênesis 32:24-26)
Hoje eu quero conversar com você sobre uma das pessoas mais importantes da História da Redenção; uma das figuras mais emblemáticas da Bíblia: quero conversar sobre Jacó.
Jacó é neto de Abraão, é filho de Isaque e é pai das doze tribos de Israel. Jacó é neto de crente, é filho de crente, é pai de crentes, mas não é crente. Jacó nasceu segurando no calcanhar do seu irmão — recebe esse nome por isso “suplantador”, “enganador”.
Ele viveu até aos 77 anos em casa, sendo controlado pela mãe. A mãe gostava mais dele, enquanto Isaque gostava mais do seu irmão, Esaú. E então, quando Isaque já estava velho, querendo abençoar e transferir a benção para Esaú (quando o projeto de Deus era de que a sua benção fluiria sobre o mais novo, Jacó), Rebeca induz Jacó a entrar no quarto do pai fingindo-se de Esaú para pegar a benção que era destinad pelo pai a Esaú.
Então, numa cerimônia de engano, de mentira, Jacó se presta a esse serviço: ele veste as roupas de Esaú, põe pelos nos braços e quando entra no quarto com a refeição que o pai havia requerido de Esaú, Isaac pergunta: “Qual é o seu nome?” Ele respondeu: “Eu sou Esaú”. Isaque pergunta: “És meu filho Esaú mesmo?”, e Jacó disse: “Sim”.
E então, Jacó precisa fugir de casa às pressas porque seu irmão quer matá-lo. Diz a Bíblia que Jacó tinha, nessa idade, 77 anos. Ele vai para Padã-Arã, constitui família, trabalha 14 anos pelas suas mulheres — porque foi enganado pelo sogro —, mais seis anos pelos rebanhos do sogro. E agora, os 97 anos, Jacó está de volta com riquezas e numerosa família.
Diz a bíblia que ele tem a informação de que seu irmão está vindo contra ele com 400 homens, e ele tem muito medo, porque ele não é um guerreiro. E então, ele despacha a sua família por blocos. Ficando ele só, diz a Bíblia, um homem lutava com ele. Este homem, é chamado em Oséias de “o Anjo de Deus” e do próprio Deus. E, aqui está algo que eu quero destacar na salvação deste homem (de Jacó):
Primeiro, a escolha Soberana de Deus. Deus o escolheu antes dele nascer. Deus o amou quando não havia nenhuma virtude em Jacó para ser amado (Malaquias 1.2). Deus toma a iniciativa de lutar pela salvação de Jacó. Não foi Jacó quem começou essa luta no Vau de Jaboque; foi o próprio Deus. É Deus quem toma a iniciativa de nos salvar. É ele quem nos busca, é ele quem nos procura, é ele quem luta conosco.
Diz a Bíblia que Deus não desiste de Jacó apesar da sua resistência, porque ele luta medindo força com força, poder com poder, destreza com destreza; Jacó não quer ceder; lutou até o raiar do dia. Mas Deus está disposto a ferir Jacó para não perder Jacó para sempre. Já no raiar do dia, diz a Bíblia, que o Senhor feriu Jacó na articulação da coxa, deixando-o manco, alejado.
E então, Deus está disposto, certamente, a ir às últimas consequências para salvar você, para não perder você para sempre. Essa é a gloriosa verdade da eleição Divina. Foi ele quem nos escolheu, não nós a ele. Ele não nos escolheu porque viu em nós virtude, mas escolheu-nos apesar de sermos fracos, ímpios, pecadores e inimigos.
Mas esse texto retrata não apenas a eleição soberana de Deus, mas também, a graça irresistível de Deus, porque agora Jacó reconhece que é um pecador. O Senhor disse: “Deixa-me ir, porque já raiou o dia”. Jacó se agarra no Senhor e diz: “Eu não te deixarei ir se tu não me abençoares”. De que benção ele está tratando? Riquezas? Não! Ele já as tem. Família? Não! Ele já a tem.
Agora, Jacó reconhece que não pode mais continuar vivendo apenas de aparência, sendo neto de crente, filho de crente, pai de crentes, mas ainda não é crente. Até os 97 anos Jacó se referia a Deus como o Deus de Abraão, seu avô, o Deus de Isaque, seu pai, mas não como o Deus da sua vida.
Diz o texto que agora Jacó reconhece que precisa da benção de Deus. Em Oseias 12.3-4 somos informados de que Jacó faz esse apelo para Deus — “Não te deixarei isso e tu não me abençoares” — com o rosto banhado de lágrimas, com o coração quebrado, necessitado desesperadamente ser transformado pelo Senhor.
Este homem que viveu 147 anos, aos 97 anos ainda não era convertido. Neto de crente, filho de crente, mas não tinha ainda uma experiência pessoal com Deus. Ele era alvo das bençãos de Deus: da prosperidade, da saúde, do livramento, da riqueza, da família, mas ele ainda não tinha tido, pessoalmente, uma experiência de conversão, de novo nascimento, de uma nova vida em Deus.
Mas é curioso que, diz o texto, Jacó confessa também o seu pecado. Porque, quando o Senhor vê Jacó agarrado com ele, chorando, pedindo misericórdia, o Denhor perguntou para ele: “Qual é o seu nome?”, “Como você se chama?”. Parece-nos que essa pergunta é óbvia demais. Será que o Senhor não sabia o nome dele? Óbvio que sabia! Por que, então, perguntou?
Essa pergunta não tem a ver com Deus necessitar de uma informação. Não. Deus está tratando a consciência de Jacó; porque há 20 anos, quando ele saiu de casa aos 77 anos de idade, ele entrou no quarto do pai e o pai perguntou “qual o seu nome”, e Jacó respondeu “eu sou Esaú”. Isaque então pergunta: “És meu filho Esaú mesmo?”, e Jacó disse: “Sim, sou eu.” Ele mentiu, ele trapaceou. A vida dele tinha sido um engano.
Agora, quando o senhor pergunta: “Qual é o seu nome?”, Deus está confrontando-o para que ele possa cair em si, para que ele possa reconhecer seu pecado. Então, quando Jacó respondeu dizendo que o seu nome era “Jacó”, aquilo não foi apenas uma resposta, foi uma confissão. Aqui ele admite: “Eu sou Jacó; eu sou suplantador, eu sou enganador. Vivi a minha vida, todo esse tempo, até aos 97 anos, de aparência, de rótulo, apenas supondo ser, mas, sem de fato ser um novo homem, uma nova criatura.
Isso significa que não há salvação, a não ser que você reconheça que você é pecador. A não ser que você admita que é pecador. A não ser que você confesse que é pecador, não há esperança, porque só os pecadores reconhecem a necessidade da graça salvadora de Deus.
Mas o texto conclui dizendo no versículo 30 — quando Jacó diz: “Vi a Deus face a face e a minha vida foi salva.” Quando ele atravessava o vau de Jaboque em Peniel, ali, Deus não foi apenas mais o Deus do seu avô e do seu pai. Mas, a partir dali, ele passou a ser o Deus de Jacó. A partir desse momento Deus é conhecido na história como o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó.
Esta mesma experiência você pode ter. Não basta você ser neto de crente, filho de crente, pai de crentes. Você precisa ter a sua própria experiência com Deus. Deus não quer que você tenha apenas uma experiência de segunda mão, Deus quer que você tenha a sua própria experiência com ele.
Não basta ouvir falar de Deus, não basta apenas receber as bençãos da graça comum de Deus — a riqueza, a saúde, a proteção, o livramento, a prosperidade, a família, são dádivas especialíssimas de Deus; mas você precisa da maior de todas as bençãos: a salvação da sua vida.
Diz a escritura que, a partir de agora, Jacó vai ser este tronco das 12 tribos que vão formar não apenas um clã, mas dará origem a uma nação, a nação de Israel. E, um de seus filhos, Judá, vai ser o patriarca daquela tribo que vai reinar em Israel, de onde vai proceder o Messias, o Salvador do mundo.
A partir desse momento, Jacó é o nome mais repetido em toda a Bíblia. Nenhum nome é mais repetido na Bíblia que o nome de Jacó — nem Abraão, nem Moisés, nem Davi, nem o apóstolo Paulo. O Senhor Deus mudou a história dele, e o Senhor diz: “Você agora, não vai se chamar mais Jacó, mas vai se chamar Israel, porque como príncipe lutáste com Deus e com os homens e prevaleceste.”
Hoje Deus luta com você para te salvar, para dar a você uma nova vida, uma nova história um novo futuro.
Rev. Hernandes Dias Lopes