“Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol.” (Eclesiastes 2.10-11)
Eclesiastes é, de longe, o livro mais complexo da Bíblia. Alguns chegaram até mesmo a questionar sua canonicidade. Esse livro foi escrito por Salomão, filho de Davi, rei de Israel; o homem que alcançou o pináculo da riqueza, da fama, do sucesso; mas, o homem que também viveu crises medonhas. E, neste livro, ele abre as entranhas da sua alma e revela para nós a profundidade e a extensão dessa crise que viveu.
No texto de Eclesiastes 2.1-11, ele mostra a busca desenfreada que teve procurando a felicidade. Ele bebeu todas as taças dos prazeres; jogou todos os baldes de prazer para dentro do coração, no afã de encontrar a felicidade. E, ao fim, depois de andar por tantos caminhos, de bater em tantas portas, de viver tantas experiências, tantas aventuras, ele descobre que tudo isso não passava de um vapor, de uma neblina, de uma bolha de sabão, de vaidade, que não trazia para ele qualquer significado.
Não que a felicidade não seja um alvo legítimo. Sim! Deus nos criou para a felicidade. O projeto de Deus é que sejamos felizes. Como dizia John Piper, o problema do homem não é o prazer, o hedonismo, a felicidade; o problema do homem é contentar-se com a felicidade pequena demais, terrena demais, limitada demais, quando Deus nos criou e nos salvou para maior de todas as felicidades: a felicidade de conhecê-lo, de amá-lo e de fruí-lo.
Entretanto, Salomão, no texto de Eclesiastes 2, vai buscar a felicidade em algumas fontes onde tanta gente, ainda hoje, busca para encontrar a essência dessa felicidade. E a primeira coisa que o texto retrata, é que ele vai buscar a felicidade no riso, nas festas, nas diversões, no glamour do mundo, nos festejos muitos, nas paradas, nas badaladas, nas músicas mais tocadas e requintadas, e ele percebeu que a felicidade não estava lá.
Quantas pessoas, hoje, investem muito dinheiro na busca lúdica do prazer, das festas, das músicas, dos shows, das boates, tentando oferecer felicidade para as pessoas. Quantos jovens correm atrás dessa fonte! Quantos homens correm atrás dessa fonte! Quantas pessoas tentam bebericar nesta fonte, mas voltam para casa a cara amarrotada, com o coração vazi,o com o chicote da culpa a flagelar a consciência, sem qualquer prazer, sem qualquer deleite, sem qualquer satisfação.
Em segundo lugar, Salomão foi buscar a felicidade na bebida, no vinho, dizendo que seria ainda regido pela sabedoria; um grande equívoco! É impossível você ser governado pelo álcool e, ao mesmo tempo, ser regido pela sabedoria. O álcool é um ladrão de cérebros é um depressivo; ele é responsável hoje por grande parte dos acidentes de trânsito, dos crimes passionais; ele escraviza as pessoas e é a porta de entrada para outras drogas mais pesadas. Salomão tentou buscar a felicidade no fundo de uma garrafa, mas o que ele encontrou foi um vazio maior ainda, uma insatisfação crônica. Tudo isso não passou para ele de bolha de sabão, de vaidade, de uma neblina, apenas um vapor.
Então, Salomão não encontrando a felicidade nem nas festas, no riso nem, no vinho, no álcool, vai procurar a felicidade nas realizações. Ele foi um homem que fez tudo de maneira maiúscula, plural e superlativa. Veja comigo o que ele diz:
“Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.” (Ec 2.4-6)
E tudo isso, se você percebeu, está no plural. Tudo isso está em grau superlativo. Tudo isso é feito para ele. Ele é o benfeitor, e ele é aquele que usufrui. Ele é o rei, ele tinha que governar para o povo. Ele tinha que governar para o bem do povo. Mas toda ostentação, todo luxo, todo fausto, toda riqueza que cercava o seu reino é endereçado para ele, para ele, para ele, para ele. Essa realização tão grande, é endereçada para um hedonismo crônico, para uma felicidade pessoal, para um egoísmo adoecido. Ele tentou encontrar a felicidade aí, mas colheu, novamente, insatisfação, vazio e falta de propósito.
Então, Salomão vai adiante e vai procurar a felicidade na riqueza. Veja você o que ele vai dizer no versículo 8: “Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias;”. Aqui você percebe que ele vai dominando as nações vizinhas de Israel, formando um grande reino, colocando essas nações sob o seu controle, sob o seu governo, recolhendo as riquezas dessas nações, cobrando pesados tributos dessas nações. Ele se proveu de muitos servos, muita riqueza, achando que se tornando um homem muito rico ele seria feliz.
Quantas pessoas se iludem ainda hoje com isso! Pessoas que acham que se tiverem mais vão ser mais felizes; se adquirirem mais bens vão ser mais felizes; se melhorarem a sua casa, o seu carro, melhorar sua conta bancária, ou comprar mais propriedades, mais casas, mais apartamentos, mais imóveis, mais ações, mais dinheiro no exterior, nos paraísos fiscais, vai ser mais feliz.
Salomão mais uma vez se frustra; colhe uma insatisfação crônica: tudo não passou de vaidade! Então, Salomão dá mais um passo na busca da felicidade; ele vai dizer o seguinte: “provi-me de cantores e cantoras” (Ec 2.8a); o que significa dizer que, naquela época, não era tão comum como hoje, prover-se de cantores e cantores. Esse era um hobby caro, dispendioso, que só os ricaços da época podiam fazê-lo. De certa forma, cada jantar na casa real era uma era um espetáculo, era um festival, era uma festa sem fim. Os melhores músicos, os melhores instrumentistas, os melhores performers, as melhores orquestras trabalhavam para o rei, para satisfação do rei, para alegrar o coração do rei, para trazer a felicidade para o rei. E ele percebe que nada disso foi capaz de preencher o vazio do seu coração: insatisfação.
Então, ele parte para buscar felicidade em outra fonte. Ele vai nos informar o seguinte: “e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres” (Ec 2.8b). Ele vai procurar felicidade no sexo, na cama, nas aventuras, nos prazeres. E, talvez, se essa fonte pudesse, de fato, preencher o vazio do coração, Salomão seria o homem mais feliz do mundo, porque, diz a Bíblia, que ele teve 700 princesas, 300 concubinas. No seu harém havia mil mulheres. Ele podia ficar com uma mulher diferente a cada dia da vida, e só repetir aquela mesma mulher mais 3 anos depois.
Mas, ao fim de tantas aventuras sexuais, de tantas camas de prazeres, ele disse que entre as mil mulheres, ele não encontrou uma. O problema não estava com as mulheres, o problema estava com ele. Você não pode amar mais do que uma mulher. É por isso que o casamento é monogâmico, à luz das escrituras. Apesar das aventuras, ele não encontrou felicidade.
Então Salomão, finalmente, vai procurar a felicidade na fama. E ele vai dizer aqui: “Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém” (Ec 2.9). Ou seja, ele chega a dizer que tudo quanto o seu coração desejou, ele não negou ao seu coração; tudo que os seus olhos cobiçaram, ele não negou aos seus olhos. Ele foi um homem que viveu de forma superlativa, maiúscula, plural. Ele viveu tudo. Ele experimentou tudo. Ele correu para todos os lados. Ele bateu em todas as portas. Ele bebeu todas as taças dos prazeres. Ao fim, ele conclui: “tudo isso não passou de vaidade”, que significa “bolha de sabão”, “vapor”, “neve”, “nada”, só “vento” e nada mais.
Talvez você também tem vivido muitas experiências, corrido atrás de muitas coisas, batido em muitas portas, vivido muitas aventuras, e você tem colhido insatisfação. Eu quero dizer a você algo tão importante hoje: o que você procura nas coisas, você só encontra em Deus. Você tem um vazio dentro de você com o formato de Deus. Tudo que você jogar para dentro de você, só vai aumentar esse vazio. Só Deus pode preencher esse vazio. Só Jesus, o filho de Deus, pode dar a você vida, e vida em abundância. Só ele tem para você vida eterna. Se você reconhecê-lo como seu Deus, como seu Senhor, então rios de água viva vão fluir do seu interior. Então, você vai desfrutar da vida eterna. Então, você vai ser feliz; verdadeiramente feliz. Então, você vai experimentar a alegria de viver, a segurança da sua salvação pessoal. Você desfrutará desta fonte que nunca vai se esgotar: a fonte da vida eterna.
Rev. Hernandes Dias Lopes