Aconteceu que, estando ele numa das cidades, veio à sua presença um homem coberto de lepra; ao ver a Jesus, prostrando-se com o rosto em terra, suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, podes purificar-me.
E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E, no mesmo instante, lhe desapareceu a lepra.
Ordenou-lhe Jesus que a ninguém o dissesse, mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote e oferece,pela tua purificação, o sacrifício que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo.
Porém o que se dizia a seu respeito cada vez mais se divulgava, e grandes multidões afluíam para o ouvirem e serem curadas de suas enfermidades.
Ele, porém, se retirava para lugares solitários e orava.

Lucas 5:12-16

A passagem que você acabou de ouvir é um dos episódios mais emocionantes da Bíblia e ele está relatado nos três evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. Dos três evangelistas, o mais detalhado deles é Marcos. Lucas é o único que nos informa a ocasião onde ocorreu esse fato, logo depois que Jesus desceu do monte, onde pregou conhecido sermão do Monte. Mas Lucas, que era médico, é o único que nos dá uma descrição mais precisa acerca do estado deste homem.

Lucas nos diz que este homem estava coberto de lepra, não apenas leproso, mas coberto de lepra, e a lepra era a doença mais temida daquele tempo e ela não tinha cura. Havia vários tipos de doenças de pele, chamadas de lepra, mas esta lepra que devastava o corpo, que destruia as cartilagens, que não deixava apenas a pele esbranquiçada mas ia apodrecendo a carne, deformando a pessoa, era a doença mais terrível, porque além do sofrimento o enfermo precisava ser retirado do convívio da família e do convívio social, sendo jogado no leprosário. Era um sofrimento atroz, era a morte à prestação, era uma pessoa enfrentando não só o sofrimento do corpo devastado, da morte mostrando todo dia a carranca, mas ser isolado de todo mundo.

A lepra era uma doença tão terrível que ela era símbolo do juízo de Deus e símbolo do pecado; assim como o pecado separa o homem de Deus a lepra separava as pessoas; assim como o pecado torna um homem insensível assim a lepra deixava as pessoas insensíveis; assim como pecado deforma a lepra deixava deformidades; assim como o pecado cheira mal a lepra também apodrecia a carne e a pessoa cheirava mal; assim como a lepra o pecado mata e também a lepra levava à morte, e esse é o estado deste enfermo.

E diz a escritura que este homem vai a Jesus, ele se prostra, ele adora, ele diz a Jesus: Senhor, se tu quiseres, tu podes purificar-me. Chamo sua atenção para duas atitudes dele: primeiro, reconhecendo que Jesus pode tudo – Se tu quiseres, tu pode. Segundo, a submissão dele à autoridade suprema de Jesus: Se tu quiseres. Ele não diz – se puderes, mas, se tu quiseres. Ele sabe que Jesus pode, mas ele se curva, submisso, obediente,
à autoridade, a soberania de Jesus, à vontade Soberana de Jesus.

Depois dessa descrição desse paciente no estado tão doloroso, nós encontramos agora a postura desse médico, porque Marcos os informa que Jesus, profundamente compadecido dele, tocou e disse: – Quero! Fica limpo.
Veja bem que às vezes nós temos compaixão mas não temos poder. Em outras pessoas às vezes tem poder mas não tem compaixão. Jesus é o médico supremo que tem compaixão e tem poder. Ele se importa com você, ele sabe as dores da sua alma, ele conhece os gemidos escondidos que você testemunha apenas para o travesseiro, ele sabe aquelas noites sem dormir e em que a sua mente, açoitada pelo chicote da culpa da dor.

Apesar de você está isolado, jogado talvez numa caverna existencial, que ninguém mais acredita que você possa se recompor e refazer sua vida, Jesus conhece você, ele tem compaixão de você e ele é poderoso para reverter o diagnóstico sombrio que você carrega, que os homens não podem mais resolver. Ele tem compaixão, ele tem poder. Mas há algo desse texto que me chamou muita atenção: Jesus tocou. Essa palavra ‘tocou’ no grego é muito mais do que um mero toque, encostar em alguém, é uma espécie de abraço. Se esse homem estava todo tomado de lepra, coberto de lepra, significava que esse hoem estava deformado, a carne estava apodrecida, que os trapos mal cheirosos se misturavam com a pele necrosada, com a carne apodrecida. As pessoas se olhassem aquela cena, torceriam o nariz e sairiam nauseadas.

Mas ainda, um leproso não podia ser tocado por que tocar no leproso era ficar impuro. Porque Jesus o toca? Por que Jesus percebe que aquele homem, além de ter uma doença mortal progressiva, incurável, ele tinha uma dor na alma há tanto tempo, quem sabe, dentro de um leprosário sem receber uma visita, sem alguém ir ao encontro dele, sem alguém abraçá-lo, sem alguém se importar com ele. Jesus o abraça, Jesus o toca, para dizer – eu me importo com você. Você pode parecer para os outros um aborto vivo, mas para mim você tem valor e eu me importo com você.

Eu não conheço a história da sua vida, eu não consigo identificar todos aqueles que estão acompanhando agora. Talvez você está me assistindo e você se sente assim: a sua vida parece que perdeu o sabor, quem sabe você já flertou até com suicídio, quem sabe você pensa – para mim não tem mais jeito, não tem mais saída. Eu quero dizer para você que Jesus é compassivo e poderoso. Hoje ele pode dizer para você, agora, aqui nesse momento: Quero! Fica Limpo.

A sua história vai mudar, o cenário da sua vida vai mudar, a dor que pulsa na sua alma vai ser atenuada, aliviada. A cura vai passar porque Jesus é cheio de compaixão e poderoso. Por isso esse texto diz, quando Jesus diz, quero, fica limpo, que o homem ficou imediatamente limpo. A pele dele refeita, a carne dele recomposta, o corpo dele redesenhado, tudo se fez novo, aquilo que o homem não pode – Jesus pode; aquilo que você não consegue – Jesus consegue. Para ele não é impossível, para ele não há causa perdida, para ele não há vida irrecuperável, para ele não há pecado que ele não perdoe – onde há arrependimento, aí há misericórdia, aí há Graça, aí há perdão, aí há recomeço de uma nova vida.

Você hoje precisa de cura, não apenas física, mas emocional, moral, espiritual. Aquelas lutas, talvez, que você carrega desde a infância: um abuso sofrido, uma injustiça, uma palavra machucou você, e você carrega na alma esses dramas, esses traumas, esses recalques, essas feridas que ainda estão sangrando. Hoje Jesus quer curar, você restaurar você, transformar você, perdoar você, dar a você uma nova vida. Ele é compassivo e ele é poderoso.

Mas esse texto avança quando Jesus diz para esse homem assim: você vai ao sacerdote e oferece o sacrifício lá para testemunho. Porque Jesus fez isso? Porque Jesus não liberou esse homem para voltar para casa de imediato? Porque que ele teria que ir ao sacerdote? Porque esse ritual antes de retomar a vida? Jesus está tendo um cuidado com esse homem. O sacerdote era autoridade sanitária, não apenas religiosa, mas sanitária. Era o sacerdote que diagnosticava a doença e era o sacerdote que atestava a cura. Quando Jesus manda esse homem para o sacerdote, ele está dizendo o seguinte: eu me importo com você, eu não quero que você volte atabalhoadamente para casa, não, eu quero que você vá lá e receba o certificado público da saúde sanitária dizendo – eu estou habilitado a voltar para casa, voltar para a sinagoga, a voltar para o meu trabalho. Jesus está dizendo o seguinte: o que eu estou fazendo a sua vida não é uma coisa subjetiva, é verificável, pode ser atestado pode ser publicamente percebido. As curas de Jesus são claras, são públicas, são notórias, são verificáveis, são atestadas.

E diz a escritura que diante desse fato, então, o homem não só vai ao sacerdote e Marcos diz que Jesus disse a ele – não conta nada para ninguém, não conta nada para ninguém – vai lá no sacerdote. É curioso quando gente hoje faz propaganda dos milagres e até de supostos milagres e Jesus não acendia holofotes, não mandavam uma banda na fanfarra tocar, que está acontecendo milagre, não, ele era discreto.

Preste atenção nisso: Jesus mandou aquele homem ficar calado e ele falou, falou para todo mundo. Às vezes, Jesus nos manda falar e nós nos calamos, covardemente nos calamos. Mas eu queria concluir, dizendo que diante do testemunho desse homem, muita gente veio, muita gente veio, a multidão veio; e diz a Bíblia que Jesus deixou a multidão e foi para um lugar deserto para orar sozinho com o pai. Mostrando para nós que o Deus da obra é mais importante do que a obra de Deus. Mostrando para nós que a comunhão com o pai é mais importante que é sucesso no ministério. Mostrando para nós que se nós queremos poder, nós precisamos buscar o refúgio do eterno, a intimidade com o pai, numa vida plena de oração.

É por isso que Lucas 5. 17, o versículo seguinte, diz que o poder de curar estava sobre ele. Jesus sendo o homem perfeito foi um homem de oração e ele sendo um homem de oração nos ensina que não há poder sem oração. Porque ele orou, o poder de curar estava sobre ele. Eu quero dizer a você que agora mesmo Jesus pode fazer algo extraordinário na sua vida, como fez na vida daquele homem que estava já com a morte decretada, já estava vivendo o drama de ver a carne apodrecida – tudo se fazer novo na sua história. Jesus vai fazer o mesmo na sua história também se hoje, agora, você se render a ele, confiar nele, entregar-se a ele e confessá-lo como Senhor e Salvador da sua vida.

Rev. Hernandes Dias Lopes

Recent Posts