Afligidos pelo bem

Verdade

O mundo sempre nos odiará (Jo 15.18; 1Jo 3.13), seja pelo mal testemunho, seja pelo bom testemunho. Se procedemos mal, nos julgarão com razão, nos acusarão de hipocrisia por pregar o que não vivemos, envergonharemos o nome do evangelho; aliás, sobre isso, Paulo falou aos romanos que aqueles que se orgulham da lei, mas a desobedecem, são causa de blasfêmia entre os gentios (Rm 2.24). E em nossos dias, infelizmente, isso não é diferente. Falar que é cristão, evangélico, ou qualquer outra terminologia que associe com Cristo, tem sido sinônimo de vergonha e incoerência; e isso por conta de tanto mal testemunho.

Por outro lado, se procedermos bem, o nosso bom testemunho será afronta diante do mal que eles pregam e vivem. Ser honesto diante de uma instituição que nos lesa, ser verdadeiro no casamento, ser leal nas relações de trabalho, e tantos outros atributos que deveriam ser tratados como mera obrigação, se tornaram raros, e com a cultura hedonista, indesejáveis. Pois o prazer está acima da verdade para os nossos dias, e assim, se não vamos na direção do prazer, somos afrontados, e se o nosso bom proceder vai de encontro aos prazeres de alguém, este alguém se inflamará contra nós.

É exatamente deste contraste que Pedro trata em sua carta. Similarmente aos ensinos de Paulo aos Efésios (Ef 6.5-8) e a Timóteo (1Tm 6.1), Pedro fala sobre a obediência dos “escravos domésticos” que era devida aos seus senhores, mas a questão que chama atenção é o contraste da perseverança (“suportar com paciência”) na aflição (“procedente do bem ou mal”).
Certamente seremos perseguidos e afligidos se pecarmos, e a nossa reação diante disso é o que está em cena, pois a paciência é esperada; mas o que realmente é ensinado, é que há um louvor maior, uma honra em obedecer e seguir a Cristo, e por esta causa ser esbofeteado (Mt 26.67; Mc 14.65) e mesmo assim exercer a perseverança; já que este é o exemplo de Cristo.

Vida

Pedro conclui explicitando que fomos chamados pra isso, e o próprio Cristo não só conclamou a isso (Mt 5.10-12, 38-48), mas ele mesmo “sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1Pe 2.21-23). Cristo, mesmo afligido pelo bem praticado, perseverou em nosso lugar.

Pastor Timóteo Sales