Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

Romanos 1:14-17

A carta de Paulo aos Romanos é o maior tratado teológico do Novo Testamento, é uma espécie de manifesto cristão. Romanos é corretamente entendido como o evangelho segundo Paulo, e ele no capítulo primeiro, já no versículo 11, ele disse que este evangelho tem uma origem, é o evangelho de Deus e depois ele vai mostrar para nós que este Evangelho é antigo, ele não criou o evangelho porque é o mesmo evangelho prometido por intermédio dos profetas nas sagradas escrituras. Depois ele vai dizer que a essência deste Evangelho, no versículo 3, é a pessoa de Jesus Cristo tanto na sua encarnação quanto na sua glorificação, e agora Paulo ainda desenvolvendo este tema vai dizer no versículo 5 que este evangelho é universal é para todos os gentios.

Depois dessa introdução o apóstolo Paulo então vai detidamente nos falar com mais precisão sobre a singularidade do evangelho e a primeira coisa que ele destaca é o compromisso que ele tem com este evangelho, ele foi separado para o evangelho de Deus, e com isso ele vai fazer três declarações, e a primeira delas no verso 14 quando ele diz que ele se sente devedor do evangelho. Paulo era um homem perverso, ele era um blasfemo, insolente, perseguidor. Ele procurou matar os cristãos prendendo-os açoitando-os e dando seu voto para matar os cristãos, mas agora convertido a Cristo, convocado por Cristo para ser um apóstolo a todos os gentios, e diz – eu me sinto devedor.

Em segundo lugar Paulo diz que ele está pronto. Pronto para pregar o evangelho. Com saúde, doente, livre, preso, entre o povo, entre as autoridades, não importa a circunstância, não importa o local, não importa a sua condição, ele está sempre pronto a pregar o evangelho. A disposição dele é plena e chega dizer ‘ai de mim se eu não pregar o Evangelho’.

Em terceiro lugar Paulo vai dizer no verso 16 ‘eu não me envergonho do evangelho’. Muitos são a vergonha do evangelho outro se envergonham do Evangelho. Paulo afirma peremptoriamente ‘eu não me envergonho do Evangelho’. No mundo onde abraçar o evangelho era ser perseguido, às vezes queimado vivo, outras vezes crucificado, outras vezes jogado às feras Paulo disse ‘eu não me envergonho do Evangelho’. Por causa do evangelho Paulo foi preso, foi açoitado, foi apedrejado, foi fustigado com varas, Paulo enfrentou todo tipo de perseguição, de hostilidade, de rejeição, levando-o a duas prisões em Roma e culminando com seu martírio mas ele diz ‘eu não me envergonho do Evangelho’.

Dito isto Paulo vai tratar agora sobre a natureza do evangelho, ele diz ‘eu não me envergonho do Evangelho porque ele é o poder de Deus’. Quem se envergonharia de poder? Ou quem poderia se envergonhar do máximo poder, o poder de Deus? Se Deus é onipotente, e Deus é, e se Deus pode tudo quanto ele quer, e Deus pode, se o Evangelho é o evangelho de Deus ele tem sua origem ancorada em Deus, de fato não faz o mínimo sentido se ter vergonha do evangelho.

Mas não é um poder qualquer, Paulo diz que o evangelho é o poder de Deus para a salvação e não há salvação fora do Evangelho. Num mundo plural onde você tem tantas religiões, tantos credos, tantas vertentes religiosas, tantos teóricos da religião, tantas doutrinas, e as mais diversas e as mais variadas, Paulo vai afirmar com clareza diáfana, com eloquência angelical, com firmeza pétrea, que o evangelho é o poder de Deus para salvação. Não tem outro caminho para o homem ser salvo, não tem outra vertente para o homem chegar até Deus. O evangelho está centrado em Cristo e Cristo é o único salvador, Cristo é o único mediador, ele é o pão do céu, ele é a luz do mundo, ele é a porta da salvação, ele é o pastor que deu a vida pelas ovelhas, ele é a ressurreição e a vida, ele é o caminho e a verdade e a vida, ninguém pode ir ao Pai senão por ele. Ele é a videira verdadeira então não há salvação em nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. O homem não é salvo pelas suas obras, pelos seus méritos, pelas suas crenças, pelas suas realizações, pelos seus ritos religiosos, pela sua religiosidade, por mais robusta e antiga ou intensa que ela seja a salvação é encontrada apenas no evangelho que nos apresenta Cristo como único Salvador e senhor.

Mas notem comigo que Paulo diz assim eu ‘não me envergonho do Evangelho porque o evangelho e o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê’, de tal maneira que existe aqui uma restrição, uma espécie de corte, de limitação. O evangelho não é o poder de Deus para salvação do incrédulo, daquele que não crê, do ateu, do cético, do místico, do sincrético, não, o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê e só daquele que crê, e em outras palavras, a salvação é de graça, mas apropriação dela é pela fé. Não há outra forma do homem ser salvo a não ser que ele creia em Jesus como seu Salvador pessoal. Aqueles que rejeitam a Cristo rejeitam uma única proposta dada por Deus para o homem ser salvo. Não é se você frequenta esta ou aquela igreja, não é se você tem muito tempo que segue esta religião, não, a única possibilidade de você ser salvo é você crer no Senhor Jesus Cristo. Foi ele quem disse que quem crê em mim tem a vida eterna, Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna.

Paulo vai concluir este assunto dizendo uma coisa sublime no versículo 17 quando ele diz ‘visto que a justiça de Deus se revela no evangelho de fé em fé, como está escrito, o justo viverá pela fé. Como assim a justiça de Deus se revela no evangelho? Veja bem, a Bíblia diz que o homem é pecador, a Bíblia diz que Deus é justo e a Bíblia diz que o homem vai ter que comparecer perante o reto e justo tribunal de Deus para dar conta da sua vida. No grande dia do juízo os livros serão abertos e nós vamos ser julgados segundo o que está escrito nos livros. Naquele dia testemunhas levantar-se-ão contra nós, nossas palavras, vamos dar conta no dia do juízo por todas as palavras frívolas que proferimos, vamos dar conta no dia do juízo pelas nossas obras, as reveladas e as ocultas. Vamos dar conta no dia do juízo pelas nossas omissões, se você sabe que deve fazer o bem e não faz, você está pecando.
Nós vamos dar conta no dia do juízo pelos nossos pensamentos e desejos. O tribunal de Deus tem competência para julgar foro íntimo, é claro que por esse quesitos do julgamento todos nós seremos encontrados culpados.

Nós não podemos ser salvos para os nossos méritos, pelas nossas obras, então Deus resolveu isso: o que você e eu não podemos fazer Deus fez por nós. Ele mandou o mundo o seu filho como nosso fiador, representante, substituto. Quando Jesus estava lá na cruz, Deus pegou todas as nossas transgressões, todos os nossos pecados e lançou-os sobre o seu filho. Ele foi carregando sobre o seu corpo no madeiro os nossos pecados. Agradou ao pai moê-lo naquela cruz, ele foi feito pecado por nós, ele foi feito maldição por nós. Quando ele estava lá na cruz levando sobre si o nosso pecado, diz a bíblia que ele deu um grito e disse: está consumado, está pago. Ele pegou escrito de dívida que era contra nós, anulou, encravou na cruz e quitou a nossa dívida, não com ouro, não com prata, mas com seu sangue de tal maneira que agora quando você crê em Jesus toda a justiça de Cristo é creditada na sua conta e você é declarado justo. Você se apropria pela fé dessa justiça porque somos justificados mediante a fé em Cristo Jesus. Este é o poder do evangelho, é a eficácia do evangelho, porque é no evangelho que a justiça de Deus nos é demonstrada e revelada.

Pois bem, hoje eu procurei trazer a sua mente o seu coração esta verdade tão preciosa, a verdade de que no evangelho você encontra salvação, por meio do evangelho você toma conhecimento de que Cristo morreu em seu lugar, em seu favor, e quando você crer nele você é declarado justo diante do tribunal de Deus. É um ato legal, é um ato jurídico, é um ato forense onde Deus declara você que crê em Jesus como justificado. E você toma posse desta verdade bendita pela fé em Jesus Cristo.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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