“Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” Miquéias 6.8
O profeta Miquéias está nas ruas e ele tem uma mensagem atual e da mais alta importância para nossa nação e para igreja contemporânea. O profeta Miquéias é mais atual do que os nossos periódicos e do que o jornal com maior circulação do nosso país, ele faz um diagnóstico da sua nação há 2.700 anos, parece-nos, entretanto, que o diagnóstico dele é da realidade brasileira e, porque não dizer, de outras nações do mundo. No capítulo 2 do seu livro ele mostra uma espécie de estado aparelhado para corrupção quando ele diz “ai daqueles que no seu leito imaginam a iniquidade, maquina o mal, a luz da alva o praticam porque o poder está nas suas mãos”, não só deseja, mas tem poder de fazê-lo, porque todo o poder está reunido nas suas mãos. Quando ele vai descrever no capítulo 3, no verso 2, ele diz que naquela sociedade havia uma inversão de valores, “os que aborreceis o bem e amais o mal”, não é só a tolerância ao erro, é uma inversão total de valores, aquilo que deveria ser é rejeitado é aceito, aquilo que devia ser aplaudido é repudiado. Mas mais do que isso, o profeta vai trazer também um atitude de perversidade de uma liderança que quer destruir as pessoas em vez de apascenta-las e cuidar delas, no capítulo 3 ainda, ele vai dizer no verso 3 que comeis a carne do meu povo e lhe arrancais a pele e lhes esmiuçais os ossos, essa é uma atitude quase canibal, de uma liderança que estava na sua época governando, que não tinha qualquer compromisso nem com a justiça nem com amor ao povo que governava.
Mas se você avançar um pouco mais, ele vai mostrar que nessa conjuntura havia uma espécie de conluio dos poderes para prática do crime, lá no capítulo 7, no versículo 3, ele vai dizer o seguinte “as suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente, o príncipe exige condenação, o juiz aceita o suborno, o grande fala dos maus desejos da sua alma”, e agora presta atenção, “e assim todos eles juntamente urdem a trama”, na verdade há um conluio dos poderes para a prática da corrupção, o que ele está denunciando aqui. Mas quando você avança um pouco mais você percebe que não era só a liderança política que estava nessa linha, mas também a questão da religião, olha comigo por gentileza o que está escrito aí na escritura quando vai falar da liderança religiosa, preste bem atenção nisso, olha o que está escrito no capítulo 3, versículo 11, “os seus cabeças dão as sentenças por suborno”, ou seja, o poder judiciário estava contaminado pelo levedo da corrupção, agora preste atenção como é que estava a religião, “os seus sacerdotes ensinavam por interesse e os seus profetas adivinham por dinheiro”, ou seja, a religião estava corrompida, rendida ao lucro, talvez você pudesse argumentar “mas como estava a família nesse cenário?” A família também estava rendida a toda sorte de violência, capítulo 7, versos 6 diz assim, “porque o filho despreza o pai, a filha levanta se levanta contra a mãe, a nora contra sua sogra e os inimigos do homem são os da sua própria casa”, o universo político corrompido, a religião corrompida, a família corrompida, nesse cenário ele chega dizer no capítulo 7, verso 2, assim: “pereceu da terra o piedoso e não há entre os homens um que seja reto”, a sociedade está completamente de cócoras rendida a um sistema de maldade, de violência, de mentira, de corrupção, do alto comando às famílias, é nesse cenário que entra o capítulo 6, Deus chamando seu povo a uma espécie de tribunal, de audiência, onde Deus é o querelante e Deus então vai chamar o querelado a uma audiência pública, e Deus vai chamar os montes como testemunhas, e Deus vai fazer uma denúncia grave, preste atenção aí comigo, capítulo 6, versículo 3, “povo meu, que te tenho feito, responde-me”, Deus está confrontando o seu povo, apontando que o seu povo estava enfastiado de Deus, povo meu que te tenho feito? com que te enfadei? responde-me” o povo quando vai responder para Deus nesta audiência pública, vai propor rituais religiosos, no capítulo 6, ele vai mostrar aí o que que ele queria fazer para Deus, sacrifícios, muito azeite, muitos cordeiros sacrificados, e Deus dizendo não é isso que eu quero, não é isso que eu exijo, na verdade o que eu exijo de vocês está no versículo 8, ” ele te declarou o homem o que é bom e o que Deus requer de ti que pratiques a justiça, que ames a misericórdia e que andes humildemente com o teu Deus”. Deus requer do seu povo a prática da justiça. Deus se importa sim, não só com as coisas que acontecem dentro das igrejas, dentro dos templos sagrados, mas o que acontece no alto comando político, nas nossas cortes, nos nossos parlamentos, no comércio internacional, nas transações de negócios, seja pessoal, seja institucional das grandes empresas, das multinacionais, Deus é o Deus da justiça e ele requer justiça.
Mas Deus requer mais, que o seu povo ame a misericórdia, a misericórdia, quando você lança o seu coração na miséria do outro, ainda que o outro tenha tropeçado, caído e machucado, diante das tragédias da vida a misericórdia vai lá e levanta, e restaura e apruma essa pessoa, a misericórdia vai além da justiça, a justiça estabelece o que o direito exige, a misericórdia vai além, dá um passo além e exerce compaixão com aquele que transgrediu e que caiu, é por isso que a misericórdia precisa ser amada, muito mais do que meramente praticada.
Mas o texto conclui dizendo “e andes humildemente com o teu Deus”, sabe porque as pessoas não praticam a justiça? Sabe porque as pessoas não amam a misericórdia? É porque elas não andam humildemente com Deus, aqui está a causa principal, você não pode praticar a justiça e nem pode amar a misericórdia se você não andar com Deus. E eu conclamo você hoje a andar com Deus e quando você andar com Deus, conhecer a Deus, servir a Deus, glorificar a Deus, amar a Deus, ter Jesus Cristo no seu coração, como seu Senhor e Salvador, então você vai praticar a justiça, então você vai amar a misericórdia.
Eu quero hoje conclamar você, você cidadão brasileiro, você membro de uma igreja cristã, a entender o que Deus está requerendo do seu povo nesse tempo de tanta dor, de tanta calamidade, de tanta tristeza, de tanto luto, de tanto sofrimento.
É isso que Deus requer de nós, que pratiquemos a justiça, que amemos a misericórdia e que andemos humildemente em sua presença.
Rev. Hernandes Dias Lopes