Santificação e a dependência de Deus

Verdade

Adão e Eva cometeram o gravíssimo pecado da desobediência a Deus no jardim do Éden (Gn 3), mas por vezes não nos damos conta de que a pretensão de autonomia, de independência da vontade de Deus para realizar as coisas, se fez presente no coração de Adão e Eva. Eva viu que a árvore era desejável para dar entendimento (Gn 3.6), que eles poderiam ser “como Deus” (Gn 3.5), e levados pela concupiscência dos olhos (1Jo 2.15-16) e pela “satisfação” de serem independentes, além de outros pecados, procederam seguindo o caminho inverso da santidade.

O texto de Josué traz um imperativo: “santificai-vos”. A ideia do verbo é intensa; e implica em uma ação humana. Mas diferente do pensamento similar ao de Adão e Eva, e de muitos que pensam a santificação como um ato de todo humano, como uma ação proativa e completa do homem, Josué não estava dando uma ordem aos homens como se a verdadeira santificação fosse independente da operação espiritual e graciosa da parte de Deus.

A santificação faz parte de uma operação miraculosa de Deus em nós, nos capacitando à santidade, nos ajudando, realizando em nós tanto o querer quanto o realizar (Fp 2.13), de forma que nós passamos a odiar dia a dia o que Deus odeia e a amar gradativamente o que ele ama, crescendo nas boas obras preparadas por ele para nós (Ef 2.10).

Nesta direção, a Escritura não retira do homem a responsabilidade na santificação, quando ele impera: “sede santos”, “santificai”; mas mostra também a ação totalmente dependente do próprio Deus, quando ela diz que “o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo” (1Ts 5.23).

Vida

Somente ligados a Cristo poderemos ter uma vida de crescimento em santidade; é somente por causa da sua obra passiva sofrendo o nosso dano e ativa cumprindo a nossa justiça que podemos recorrer a ele, usando os meios de graça, sendo levados pela sua poderosa mão. A santificação depende totalmente de Cristo, pois ele foi o noivo que amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificar e apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa (Ef. 5.25-27).

Timóteo Sales