Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo.
Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa),
para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.
E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.
Efésios 6:1-4
O conflito ‘pais e filhos’ não é novo. Ele recua ao começo da história. Esta atenção sempre existiu, e é claro que na medida que os anos vão se passando, séculos vão se dobrando, os milénios vão chegando, e esta crise se agrava e mostra a feiura da sua carranca. Um dos sinais do fim dos tempos é que os filhos seriam desobedientes aos seus pais. Esse conflito de gerações, esta tensão dentro de casa onde o coração dos pais não está convertido aos filhos e o coração dos filhos convertidos aos pais gera maldição na família. Porém este certamente não é o propósito de Deus e esse texto que acabamos de ouvir trata desta matéria, regula este assunto, pavimenta o caminho de um relacionamento harmonioso e saudável entre pais e filhos.
Eu gostaria de começar com o papel dos pais: Agostinho de Hipona que foi um dos expoentes da história da igreja nos primeiros séculos disse que um pai deve educar seus filhos 20 anos antes deles nascerem. A vida que levamos hoje, ou você jovem está levando agora, já deu o ‘start’, o início desse processo da educação de seus filhos que virão amanhã. Então o texto bíblico é claro – e vós pais, aqui a palavra ‘pais’ e é uma referência específica aos homens, aos maridos, aos pais, e diz assim: não provoqueis vossos filhos à ira. O pai pode provocar o seu filho, a sua filha, os seus filhos à ira quando este pai não é coerente, requerendo uma coisa dos filhos mas não sendo exemplo para eles daquilo que se requer dos filhos. É quando ele diz – faça o que eu mando mas não faça o que eu faço. O exemplo não é apenas uma forma de ensinar, é a única forma eficaz de fazê-lo, e os pais provocam os filhos à ira quando eles não colocam as normas claras: o que pode e o que não pode. Não há uma clareza entre direitos e responsabilidades – os filhos ficam à deriva sem saber o que fazer.
Os pais provocam os filhos à ira quando são injustos com os filhos, quando priorizam filho em detrimento do outro, quando comprar um filho com outro quando exigem dos filhos o mesmo desempenho quando podem exigir apenas o mesmo empenho, e desta maneira favorece um filho em detrimento do outro. Isso produz é certamente irá nos filhos – predileção, favorecimento.
Mas o texto prossegue – e vós pais, não provoqueis vossos filhos, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. Criar filhos não é brincadeira. Há muitos pais hoje que são adultos apenas na idade cronológica, a gente chama isto de adultessência – adultos adolescentes. Há pais hoje que querem ser apenas amigos dos filhos mas não querem assumir o papel de pais, do ensino, do confronto, da exortação, da disciplina, dos limites. Talvez para compensar a ausência, talvez para compensar a falta de atenção, de prioridade, então substituem a presença por presentes, então querem sempre agradar os filhos para ficarem bem na foto com os filhos. Mas abrem mão do seu papel de líderes do lar, de educadores, para criar os filhos na disciplina e admoestação do Senhor.
A ideia de criar na disciplina e na admoestação é que filhos precisam de limites, os filhos precisam saber o que pode o que não pode, o que deve e o que não deve, o que faz o que não faz. Os filhos precisam de normas, balizas, que horas sai que horas chega, aonde vai, com quem vai, o que vai fazer – é mais fácil deixar, é mais fácil não se importar, custa menos não confrontar. Mas esta lassidão, esse afrouxamento mais tarde vai custar um preço muito alto para seus filhos. Então o papel dos pais é criar os filhos na disciplina, e na admoestação do Senhor.
A palavra de admoestação vem de uma palavra grega muito interessante que é o confronto verbal, é o bate-papo, a conversa, olho no Olho. É sentar e conversar. Há muitos pais que não conversam com os filhos, há muitos pais que não dialogam com os filhos, há muitos pais que não olham nos olhos dos filhos para dizer: meu filho isso aquilo aquilo outro, olha, não faça isso, meu filho faz aquilo outro, meu filho siga esse caminho, meu filho não fica naquele outro caminho… Os pais precisam ter essa autoridade para olhar nos olhos, para confrontar, falar a verdade em amor e os filhos precisam se sentir protegidos pelos pais. Eles precisam ser os conselheiros mais importantes mais achegados.
Os pais precisam ter tempo para os filhos, porque já imaginou o filho diz: pai eu preciso falar com você, mas não tem tempo. Pai me ajuda aqui nos deveres, não, procura o seu coleguinha, mas o telefone toca e o pai corre para atender o telefone e gasta meia hora. Então os nossos filhos precisam ter a prioridade na nossa vida, na nossa agenda, no nosso tempo. Precisamos criar pontes de contato com coração dos nossos filhos se queremos amanhã que eles busquem a nós, porque hoje quando os filhos são pequenos, ele choram para ficar conosco, mas amanhã mais tarde os pais vão chorar para ficar com os filhos – invista hoje para você colher amanhã.
Mas o texto diz: criai-os na disciplina e admoestação do Senhor. Não basta apenas dar uma boa educação para os filhos, não basta apenas uma boa casa, dar roupa, dar calçado, dar conforto. Os nossos filhos precisam sobretudo de salvação, de conhecerem a Deus, de ter uma experiência com Deus. A fé se aprende em casa, nós precisamos passar o bastão da fé para os nossos filhos para que eles conheçam a Deus, para que eles vejam em nós – seus pais – um exemplo de vida cristã digna de ser imitada e seguida.
Agora note comigo que depois de falar do papel dos pais o apóstolo Paulo vai tratar do papel dos filhos e Paulo diz assim: filhos obedecei a vossos pais no Senhor pois isto é justo. A palavra pais aqui já não é só pai-homem-marido. Pais aqui é pai e mãe, então cabe aos filhos obedecer ao pai e a mãe porque desobedecer pai e mãe é uma evidência de decadência. Quando a família está confusa, conflituosa, em pé de guerra, quando não há paz na casa, quando não há harmonia no lar, quando o diálogo morre, quando a frieza gelada toma conta da comunicação, quando a hostilidade assume o trono da família, essa família vira uma família disfuncional e uma família disfuncional vai gerar uma sociedade violenta, porque o que é sociedade, o que é a nação se não a somatória das suas famílias? E se nós queremos uma pátria livre, uma pátria bem sucedida, próspera, nós temos que ter lares bem estruturados, e a célula-mãe a célula mater da sociedade é a família e é por isso que os filhos precisam obedecer pai e mãe.
Eu sou pastor há 40 anos. Durante toda a minha vida eu cuidei de pessoas e eu nunca vi um filho desobediente a pai e mãe que fosse feliz na vida, bem-sucedido na vida, ter sucesso na caminhada, bem sucedido no casamento ou tivesse uma vida é plena, maiúscula, superlativa. Esse é um princípio básico: filhos obedecei a vossos pais no Senhor porque isto é justo.
Mas o texto prossegue e diz o seguinte: honra teu pai e tua mãe. Honrar é mais do que obedecer. É possível obedecer e não honrar, é possível ser um legalista dentro de casa mas não honrar pai e mãe. Jesus ilustrou isso com a parábola do chamado filho pródigo quando o filho mais velho trabalhava, nunca saiu de casa, nunca gastou dinheiro com vida dissoluta, mas trabalhava como escravo, não tinha amizade com o pai e não se deleitava no pai, era um escravo dentro de casa. O texto diz que os filhos precisam honrar os pais, não ser um motivo de tristeza para os pais mas dar prazer para os pais porque obedecem, porque honram, por que cuidam, por que velam pelos pais. Quando os pais chegam na velhice eles não desamparam os pais.
É uma benção a promessa divina para os filhos que honram seus pais. Primeiro: vida longa. Quantos filhos tem sua vida ceifada precocemente porque não escutaram os pais e se envolveram com amizades erradas, frequentaram lugares errados, fizeram coisas erradas por não ouvirem pai e mãe. Segundo, o texto diz que quando você honra pai e mãe não apenas você terá uma vida longa mas você tem uma vida próspera e feliz. A benção de Deus vai acompanhar você, é a benção de Deus que enriquece e com ela não tem desgosto, é Deus tem fortalece as nossas mãos para adquirirmos riquezas, ‘riquezas e glórias vem de Ti’, diz a bíblia. Então quando você honra seu pai e sua mãe, se você tem a bênção de Deus você tem vida, você tem prosperidade, você tem uma vida bem-aventurada.
Agora eu faço uma pergunta, como é que está o clima lá na sua casa? como é que você trata seus pais? Como é que você se relaciona com seus filhos? Qual foi a última vez que vocês sentaram ao redor da mesa para bater um bom papo e qual foi a última vez que você procura o seu pai e sua mãe para pedir um conselho, orientação e qual foi a última vez que você teve liberdade de abrir o coração para o seu pai para sua mãe pedindo conselho? Qual foi a última vez que você sentou com seu filho com a sua filha para dar uma orientação na vida pessoal emocional, profissional, espiritual?
Já está na hora de nós revertermos esse quadro da crise familiar, se priorizarmos a nossa casa, nossa família, cuidamos da nossa família com todo amor com todo zelo, porque nenhum sucesso que a gente alcance fora dos portões compensará o fracasso dentro dos portões. A nossa família é o nosso maior patrimônio, a nossa maior riqueza – nossos filhos são a nossa maior herança. Conviver e honrar pai e mãe é um dos grandes privilégios que você tem, jovem, que está aí me escutando. Deus abençoe sua vida Deus abençoe seu lar. Deus abençoe você pai, você mãe, você filho, você filha. Que sua casa seja uma fonte de vida, um lugar de prazer e deleite.